14 de maio de 2011

Crítica: O Vingador Silencioso

The Great Silence

(O Vingador Silencioso)

Direção: Sergio Corbucci

Roteiro: Mario Amendola, Bruno Corbucci, Sergio Corbucci e Vittoriano Petrilli

Ano: 1968

Elenco: Jean-Louis Trintignant, Klaus Kinski, Luigi Pistilli…

Duração: 105 minutos

Não foi apenas Sergio Leone quem abrangeu novas fronteiras para o western spaghetti: seu xará Corbucci logrou grande êxito com a narrativa desta película.

Análise: Ao lado de Sam Peckinpah e Sergio Leone (principalmente), Sergio Corbucci foi outro grande diretor responsável pela revolução cinematográfica na década de 60, adicionando um novo subgênero no interior do faroeste: o western spaghetti. Enquanto Sergio Leone lançava o “homem sem-nome” na trilogia dos dólares e Sam Peckinpah polemizava com “Meu ódio será sua herança”, Sergio Corbucci criava outro famoso personagem, conhecido como Django – interpretado por Franco Nero –, o qual ao lado de Eastwood foi um dos heróis mais influentes da história da sétima arte. Inclusive, os dois personagens são muito similares em questões de personalidade: são sérios, de poucas palavras e normalmente tidos como anti-heróis; roupas parecidas, relacionadas por serem rasgadas e sujas; destemido, ótimo no gatilho e além de tudo, um forasteiro. Já em "Vingador Silencioso", o nome do filme já diz tudo: ele é silencioso, não porque deseja, mas sim por causa de acontecimentos passadas (continue lendo para saber).

Para quem está completamente acostumado ao ver aquele mar de cores mortas do oeste americano, levará um grande susto com esta película... E principalmente em seu início, onde apenas é possível enxergar pequenos detalhes – como a pequena figura de um homem montado em seu cavalo – em meio à branquidão da neve, do gelo e do frio. Isto já é algo extremamente inovador, possibilitando a abertura de novas fronteiras para um gênero que apenas era visto em meio ao calor desgraçado do velho-oeste. Também é responsável por dar um “ar a mais” ao personagem, o qual utiliza apenas roupas negras e que o caracteriza durante todo o filme. Embora nesta época os orçamentos do western spaghetti já estavam maiores do que quando iniciou (até considerada como produções B), é perceptível a pouca variedade de atores que participavam tanto dos filmes de Sergio Leone, quanto dos filmes de Sergio Corbucci, além de serem de nacionalidades diferentes dos outros atores. Isto também aparece na trilha sonora, onde Ennio Morricone é presente nas películas de ambos diretores.

Com uma fotografia belíssima (Silvano Ippoliti) e uma trilha sonora perturbadora (Morricone), o filme se inicia da melhor forma possível: com uma grande troca de tiros entre Silêncio (Jean-Louis Trintignant) e uma gangue de pistoleiros. Logo nesta cena os principais elementos da direção de Corbucci são apresentados e nos deixam por dentro de seu estilo cinematográfico, caracterizado por um pingo de violência que nos faz lembrar de Peckinpah e que nos mostra que até estão ligados de uma maneira ou outra. Um detalhe de extrema importância é que o apelido dado ao personagem Silêncio possui dois motivos: “aonde ele vai, o silêncio da morte o acompanha” e ele é mudo. Sim, ele não fala durante o filme! Isto foi mais uma particularidade para que se opusesse ao famoso “homem sem-nome”, de Sergio Leone e não entrasse para uma galeria clichê. É também por este motivo que o personagem faz o bem: quando criança, teve sua garganta cortada por um caçador-de-recompensa, fazendo com que vivesse matando as pessoas que trabalhassem com isso. E eis que surge a grande oportunidade de uma vingança geral, fazendo com que mate Tigrero (Klaus Kinski de forma única), por este ter assassinado o marido de Pauline (Vonetta McGee).

Normalmente tido como o melhor trabalho do diretor Sergio Corbucci, vemos que realmente o cineasta se superou na película, principalmente ao percebermos que foi capaz de abranger as fronteiras que o western possuía no mundo cinematográfico. É também possível notar que, curiosamente, os principais diretores do spaghetti possuem – ao mesmo tempo – características divergentes e parecidas entre si: Sergio Leone possuía algo mais técnico e visual, além de também musical; Sam Peckinpah tinha muito afeto com a violência, ou seja, algo mais estético; e Sergio Corbucci tinha um espírito mais inovador e estilístico, sempre buscando um trabalho à frente de seu tempo.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 9,0.

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

2 comentários:

  1. Filmaço! Frio, melancólico, duro e surpreendente.
    Assisti ontem e se tornou para mim o melhor do Corbucci.

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  2. Bom filme, com final triste.

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