THE BIG GUNDOWN
(O DIA DA DESFORRA)
Direção: Sergio Sollima
Roteiro: Sergio Sollima e Sergio Donati
Produção: Edward Lewis
Ano: 1966
Elenco: Lee Van Cleef, Tomas Milian, Walter Barnes…
Duração: 107 minutos
O western spaghetti em sua melhor época: novos e talentosos diretores aparecem, juntamente com novas maneiras de transmitir ideias e difundir os diferentes clichês do gênero.
Análise: Em meio aos clássicos do spaghetti lançados no ano de 1966, como Três Homens em Conflito (Sergio Leone) e Django (Sergio Corbucci), curiosamente surge mais um Sergio para se juntar aos diretores acima citados: desta vez é Sergio Sollima, com uma de suas obras-primas, O Dia da Desforra. Fora ele, ainda faz parte desta geração o importante roteirista de faroestes italianos Sergio Donati, responsável pela escrita deste trabalho e muitos outros, como Quando os Brutos se Defrontam (1967), Era uma vez no Oeste (1968) e Quando Explode a Vingança (1971).
Contando com a presença de elementos cômicos e do humor negro, O dia da desforra chega a ficar mais leve e, em alguns momentos, com um ar de paspalhice. A criação dessas situações chega por conta de um personagem mais do que rodado em westerns spaghettis: aquele homem engraçado, sujo, azarado e carregado de humor; exemplificando, temos o inesquecível Feio (Eli Wallach), de Três Homens em Conflito. Já no caso deste filme, quem dá alma para tal papel é Tomas Milian, interpretando o mexicano errante e procurado pela lei Cuchillo Sanchez, o qual é rápido como uma faca, porém imprestável como uma arma descarregada.
A política também é outro tema abordado pela película, sendo que dificilmente encontramos tal assunto nos filmes do gênero italiano. Ela aparece devido ao senador Jonathan Corbett (Lee Van Cleef), sendo aquele que luta contra todos os bandidos possíveis, tentando deixar a região onde vive a mais limpa possível. Apesar de novamente utilizar suas famosas roupas pretas, ele é um ser mais sensibilizado comparado aos seus outros papéis (normalmente de vilão). Portanto, ao saber da existência de Cuchillo, não hesita e corre atrás do bandido trapalhão, travando conflitos e muita expectativa ao longo de todo o filme.
Como dito anteriormente, as características dos personagens de Lee Van Cleef e Tomas Milian entram para uma galeria clichê do gênero, porém eles atuam de forma magistral e ditam o ritmo do filme por completo. A direção de Sollima não surpreende, mas se mantém dentro do objetivo proposto, podendo assim ser comparada com as dos filmes norte-americanos. Já a fotografia de Carlo Carlini sabe aproveitar as cores dos desertos espanhóis de Almería. E para finalizar com chave-de-ouro, Ennio Morricone, o qual merecia um parágrafo somente seu, já que apresenta um de seus trabalhos mais completos como compositor de trilhas sonoras, quase chegando ao êxtase de emoções que proporcionou em Três Homens em Conflito; ou seja, sua música é indispensável, causando as mais diversas sensações em nós, espectadores.
Apesar de ser uma obra obscura dentro do cinema italiano, o desconhecido trabalho do novo e talentoso diretor Sergio Sollima ganhou um destaque a mais pelo uso constante do humor negro, da comicidade e da política, fugindo um pouco dos clichês do gênero spaghetti e acrescentando um patamar maior ao trabalho. Por tudo isto, o diretor quase desconhecido mundialmente impôs seu próprio estilo e se diferenciou do contexto que possuía os filmes do expoente artista e xará Sergio Leone.
MINHA NOTA PARA ESTE FILME:
ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.
Excelente análise Barrenha. Na minha opinião é uma obra-prima. As sequências finais é só arrepio. Quando filme termina eu volto novamente direto no final, para ver todas as sequências da caçada de Cuchillo dentro do canavial acompanhadas pela voz da soprano Edda del Orso e a diversidade única dos instrumentos usados por Morricone. A trilha feita para o Dia da desforra chega perto da de Il buono, il bruto, il cattivo e poderia até se afirmar que a música que pontua a caçada de Cuchillo está no mesmo nível de Extasis del oro.
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