16 de julho de 2011

Crítica: Matar ou Morrer

HIGH NOON

(MATAR OU MORRER)

Direção: Fred Zinnemann

Roteiro: Carl Foreman

Produção: Stanley Kramer e Carl Foreman

Ano: 1952

Elenco: Gary Cooper, Grace Kelly, Katy Jurado…

Duração: 85 minutos

... E as qualidades técnicas de High Noon provaram: filme de faroeste bom não precisa se esbaldar de tiros do início ao fim!

Análise: Em meio aos notórios pares perfeitos que hoje existem, com certeza o faroeste e a arma estariam ligados de uma forma ou outra. Por isso, deixo uma questão no ar: o que seria de um faroeste sem tiros? É uma boa e duvidosa pergunta, mas que pode ser respondida facilmente em imagens, sendo que estas possuem exatos 85 minutos. Simplificando, a melhor resposta sempre estará em Matar ou Morrer, clássico do western norte-americano “culpado” pela completa revolução do gênero, marcando um ponto de transição entre antes e depois de seu lançamento – no ano de 1952. Portanto, deixo a dica: continue lendo a crítica para saber mais sobre esta relação!

Will Kane (Gary Cooper, em atuação primorosa) é o xerife da cidade de Hadleyville e está prestes a ser substituído no cargo por conta de seu casório com a encantadora Amy (Grace Kelly). Já se despedindo dos amigos e partindo com a esposa para a lua-de-mel, passam pelo povoado três pistoleiros (Lee Van Cleef, Lon Chaney e Henry Morgan) que se dirigem diretamente à estação-de-trem, com a finalidade de esperar Frank Miller (Ian MacDonald), bandido que chegaria no comboio do meio-dia e que se vingaria de Kane, por ter sido este o responsável de te mandar para a cadeia. Sabendo da vinda do assassino e da presença dos pistoleiros, Kane não se segura e volta urgentemente para a cidade, acreditando na possibilidade de recrutar alguns cidadãos e, unidos, combater Miller e sua gangue. Até neste ponto, o relógio – principal gerador da tensão – marca 10h40min, fazendo lhe restar pouco mais de 1h para o combate. Entre idas e vindas de Kane, os espectadores já se cansam de ver a batalha do xerife contra a cidade que ele mesmo fez crescer, distanciando o que seria o prato principal (o duelo contra os pistoleiros) para oferecer importância ao conflito que trava com aquilo que seria o mais fácil de conquistar: a união de seu povo. Por tais motivos, acrescentam-se vários tons de drama e por incrível que pareça, até de suspense... Considerando ser uma película de faroeste, isto pode até soar como brincadeira!

Acentuados mais ainda de acordo com a melancólica trilha sonora de Dimitri Tiomkin, os tons de drama e de suspense às vezes se revelam como verdadeiros momentos de romance, principalmente pela canção vencedora do Oscar: Do Not Forsake Me, Oh My Darlin'. E além desta constante mudança da sonoridade, a trilha ainda passa a ser irresistível e nos envolver a todo o momento, sobretudo no final, onde roemos as unhas e nos prendemos na cadeira de tanta tensão. Justamente pelo trabalho, Dimitri Tiomkin venceu o Oscar de “Melhor Trilha Sonora”. Além deste aspecto, outro dos que mais chamam a atenção são as perfeitas atuações, principalmente de Gary Cooper – ganhador de seu segundo Oscar pelo trabalho – e de Katy Jurado com um sotaque pra lá de espanhol. E mais superior do que a sinuosa trilha sonora e as atuações, há um dos elementos mais imperceptíveis dentro da sétima-arte: a montagem, ainda mais em um projeto onde um dos fundamentos principais é o tempo, interpretado por um relógio. Por último, a direção de Fred Zinnemann ocasiona ótimas situações de genialidade, principalmente na cena em que Gary Cooper se mostra sozinho no meio da rua, enquanto o resto não se varia do comum e simples “arroz e feijão”.

Concluindo, além de ser uma enorme compilação de cenas épicas, High Noon ainda teve o prazer de ser o responsável por marcar uma nova faixa de transição entre os diferentes períodos do western, até incluindo o seu nome como um dos maiores da história por ultrapassar até alguns suspenses que não causam tanta tensão como este causou, sendo que só foram utilizados tiros no frisante e rigoroso duelo final entre o xerife Kane e a gangue de Miller. E por último, gostaria de deixar uma incrível curiosidade: a cena em que os três pistoleiros esperam à chegada do trem em High Noon inspirou o spaghetti Sergio Leone na criação da sequência inicial de Era uma vez no Oeste (1968).

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

Um comentário:

  1. li diversas análises sobre high noon e sempre é citado o era uma vez no oeste (personagens na estação de trem principalmente)... mas constatei q nas críticas ninguém percebeu ou esqueceu de comentar q o ator q duela com o mosquito em era uma vez no oeste (jack Elam)também faz uma pontinha no high noom.
    no mais.. abraço

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