9 de julho de 2011

Crítica: No tempo das diligências

STAGECOACH

(NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS)

Direção: John Ford

Roteiro: Dudley Nichols e Ben Hecht

Produção: Walter Wanger

Ano: 1939

Elenco: John Wayne, Claire Trevor, Thomas Mitchell...

Duração: 96 minutos

Como em todo western norte-americano, o que não falta é o patriotismo exagerado e uma boa dose de genialidade nesta obra-prima.

Análise: O que esperar de um trabalho com a marca da direção de John Ford e da atuação de John Wayne? Uma obra-prima cinematográfica, certamente. No entanto, como de costume nos antigos faroestes norte-americanos, o que mais se presencia é o patriotismo mostrado pelas câmeras ainda em preto e branco. Mesmo assim, a genialidade de Ford nos prende a atenção durante todo o filme, tirando de nossas faces diferentes expressões: seja de gargalhadas pelas inúmeras cenas de humor, seja de perplexidade com a maravilhosa paisagem do Monument Valley (território mais do que característico na filmografia do diretor), ou também seja de espanto pelas magníficas cenas de tiroteio que marcam um destes maiores clássicos do cinema western.

Como já é de se esperar em um trabalho do gênero faroeste, a fotografia pode até roubar a cena, principalmente quando se toca no nome de John Ford, o qual se seduziu incondicionalmente pelas paisagens de Monument Valley, uma região desértica e montanhosa dos Estados Unidos que faz fronteira entre Utah e Arizona; devido à extensa utilização da região pelo diretor em seus filmes, uma montanha até ganhou o nome de John Ford’s Point, como forma de homenagem a um dos maiores cineastas do mundo. Além deste importante quesito, o filme ainda é marcado pela gloriosa estreia de John Wayne nos figurinos de cowboy e também pela grande atuação de todos os integrantes do elenco, destacando-se entre eles o ator Thomas Mitchell, que venceu o Oscar pela interpretação do Doutor Boone. Aproveitando a passagem pelo assunto Oscar, a película ainda venceu o prêmio de “Melhor trilha sonora”, composta por Gerard Carbonara. Preciso dizer mais alguma coisa a respeito da qualidade técnica? Acho que não.

A essência apresentada por John Ford em Stagecoach com certeza está na força de união exercida por uma básica diligência (ou carroça, para os mais íntimos). Mas por que digo isso? Simplesmente porque, graças ao diretor de descendência irlandesa, os maiores símbolos do velho-oeste são apresentados em pequenas sequências durante o decorrer da película, conseguindo assim reuni-los dentro de uma mera diligência: o cocheiro viajador (Andy Devine), o xerife inabalável (George Bancroft), as prostitutas (Louise Platt e Claire Trevor), o jogador de cartas (John Carradine), o doutor bêbado (Thomas Mitchell), o exportador de bebidas (Donald Meek) e o pistoleiro galante e da justiça (John Wayne). Ah, sem contar também com a presença do exército norte-americano e dos índios Apache (o maior problema durante o caminho da diligência). E então, alguém conseguiria unir todos estes ícones da cultura western dentro de uma carroça? Pois é, John Ford o fez com extremo êxito!

A magnífica cena da batalha entre os Apaches e a diligência lotada de personagens do velho-oeste. Este é um grandioso exemplo da famosa frase de que "as balas se multiplicam no revólver do mocinho". Confira no vídeo!

E já passando para a conclusão – mais especificamente para os créditos finais – vemos rolar um determinado nome, um tal de John Wayne: naquela época interpretava seu primeiro papel de expressão dentro do cinema e, mais importante do que isso, em um faroeste! Talvez ele nem soubesse qual era o verdadeiro significado de tal gênero e nem que um dia ele estaria o agradecendo por ter sido idolatrado e consagrado cinematograficamente, assim como nós também o agradecemos por permanecer em nosso eterno western e ajudar em sua divulgação como um dos maiores da sétima-arte. E é por tudo isso – e muito mais, claro – que Stagecoach será um clássico, uma obra-prima e um filme épico por todas as gerações!

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

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