ONDE COMEÇA O INFERNO
(RIO BRAVO)
Direção: Howard Hawks
Roteiro: Jules Furthman e Leigh Brackett
Produção: Howard Hawks
Ano: 1959
Elenco: John Wayne, Dean Martin, Rick Nelson, Angie Dickinson…
Duração: 141 minutos
O cume da carreira de Howard Hawks depositado em um faroeste dramático e humorístico.
Análise: Hoje trago até vocês uma obra-prima do faroeste americano; creio que o primeiro filme que analiso no blog com interpretação de John Wayne, o grande nome do western. Apesar de muitas as características do cinema norte-americano estarem presentes neste filme, algo me lembrou de Sergio Leone – e antes do ragazzo aparecer com suas obras-primas, principalmente as que tinham em seu nome o faroeste. Darei alguns exemplos para que vocês, leitores do blog, possam refletir esta minha ideia: até os primeiros cinco minutos da película, nada de falas (característica mais que presente nos filmes de Leone); uma trilha sonora magistral acompanhando toda ação dos personagens (responsabilidade de Ennio Morricone para que os filmes de Leone ficassem tão bons); personagens novos aparecendo a qualquer momento possível e além de tudo, cortes de câmeras intrigantes, como os do diretor italiano. Tudo isso me deixou com uma pulga atrás da orelha e então fez com que a película ficasse tão boa como já é.
A história se inicia em um saloon, onde três dos cinco personagens principais se encontram: Dude (Dean Martin), Joe Burdette (Claude Akins) e o xerife Chance (John Wayne). Após uma série de acontecimentos (que vocês só saberão vendo o filme) o xerife Chance acaba prendendo Joe Burdette, irmão de um rico fazendeiro da região e com inúmeros pistoleiros a seu serviço. Sabendo que atrairia para a cidade os tais pistoleiros, Chance conta com a ajuda do bêbado Dude, o velho Sumpy (Walter Brennan), o pistoleiro e violeiro Colorado (Rick Nelson) e uma garota de nome Feathers (Angie Dickinson).
Dean Martin e Rick Nelson, dois cantores de sucesso na época acabaram entrando para o filme e se saíram da melhor maneira possível, inclusive cantando juntos em uma cena. Além das belas atuações de todo elenco, a película consegue passar diálogos interessantes e um humor de ótimo tamanho, cabendo perfeitamente ao seu teor. Também vale destacar o trabalho do diretor, que com alguns planos e cortes de câmera deixa o trabalho com um maior tom de tensão, ajudado pela fiel música de Dimitri Tiomkin. Impossível não destacar o interior dos personagens, os quais possuem uma própria característica e são muito bem retratados. Tudo isso faz com que o filme consiga alcançar um ótimo clímax com o espectador.
Apesar de uma longa duração, o filme passa muito rápido diante de nossos olhos: culpa de Hawks, demorando – da forma mais inteligente possível – a anunciar o confronto que começou a se estender nos primeiros minutos, entre o xerife Chance e Joe Burdette, deixando também nosso nível de tensão muito aguçado. Entre esse tempo do início ao fim, o diretor tenta passar com muitos detalhes o humor de cada personagem.
Antes de finalizar, quero destacar apenas uma cena “tocante”: o durão John Wayne acaba se deixando levar por Angie Dickinson e um relacionamento ocorre entre os personagens de ambos, algo que realmente toca os amantes do faroeste, que talvez nunca viram isto de forma muito “real”. Entretanto, esta obra-prima possui tudo que o bom amante do cinema e, principalmente do western precisa: um ótimo diretor, uma majestosa trilha sonora, um grandioso elenco, um cabível senso-de-humor e de drama, uma boa fotografia, uma incrível história apesar de alguns clichês, e muitos outros quesitos. Sem dúvida, foi o ponto alto da carreira de Howard Hawks, diretor de algumas outras obras-primas, como Scarface (1932), este mais conhecido pelo remake feito por Brian De Palma em 1983, juntamente com Al Pacino.
ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.
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