“No início uma mera incógnita... No final uma plena certeza!”
Foi exatamente no dia 31 de maio do distante ano de 1930 e na cidade de São Francisco que nascia uma incógnita para a humanidade: Clinton Eastwood Jr. Primeiramente tido como um “x social”, hoje é uma das maiores lendas da sétima arte e, a seguir, você poderá conferir com detalhes toda a carreira histórica do “homem sem nome”, do policial Harry Callahan, do assassino sangue-frio William Munny, do treinador de boxe Frankie Dunn, do velho rabugento Walt Kowalsky, ou simplesmente do ícone Clinton Eastwood Jr!
Nascido em São Francisco, o garoto Clint pertencia a uma família de classe média e protestante. Seu pai (Clint Eastwood) era um operário metalúrgico, enquanto sua mãe (Margaret Ruth) uma trabalhadora fabril. Rodou toda costa oeste norte-americana devido aos diversos trabalhos do pai: Redding, Sacramento, Pacific Palisades, de volta à Redding, Sacramento, Hayward, Niles, Oakland, etc... Realizou um sonho, formando-se na Universidade de Oakland, porém após a faculdade mantinha empregos “vagabundos”, como frentista de posto e tocador de piano em um bar.
Apesar dos miseráveis trabalhos que prestava, Eastwood foi – como seus futuros personagens – valente para percorrer as trilhas que o levariam para o sucesso: começou em filmes de produção B, principalmente em ficções ou suspenses; muitas vezes nem era creditado, já que só aparecia uma vez ou outra. Alternava-se entre a televisão e o cinema. Por um momento, a televisão venceu a batalha e Eastwood participou do seriado “Rawhide”, ambientado no velho-oeste. Tal série foi produzida durante 1959 e 1965, com mais de 200 episódios e foi um sucesso de época.
Mas, para quem acredita que este foi o cume inicial do sucesso artístico de Eastwood, se engana: outra incógnita (Sergio Leone) procurava alguém para interpretar o hoje famoso “homem sem nome”; muitos atores foram contatados, até que a oferta foi parar nas mãos de Clint, o qual apenas aceitou porque iria conhecer a Europa (local das gravações). Com ajuda do destino, é formada uma das maiores duplas do cinema e do faroeste. Juntamente com o diretor italiano, Eastwood não mudou apenas sua própria história, mas também a história do cinema com os famosos westerns spaghettis. Aliás, Clint e cinema até soam como sinônimos: um mudando a história do outro.
Famoso pelos trabalhos com Sergio Leone, Eastwood agora recebia o apoio e as lições passadas por outro diretor com quem teve sucesso: Don Siegel. Ambos os diretores (Leone e Siegel) até foram homenageados com a obra-prima “Os Imperdoáveis” (1992), a qual Clint dedicou aos seus mestres do cinema. Isto já deixava claro o grande passo que Eastwood dava em sua carreira, deixando de ser aquela incógnita para transformar-se em resultado mais do que certo: um ator sério, durão, valente, charmoso, sedutor e por vezes sensível.
Eastwood juntamente com um de seus mestres: Don Siegel.
Já consolidado como ídolo da nação após os trabalhos de sucesso em que atuava, Clint decidiu se aventurar por trás das câmeras, porém não deixou o hábito de aparecer em suas obras, o que até hoje é uma marca registrada do artista. Foi no ano de 1971 em que Eastwood estreou como diretor, no thriller intitulado “Perversa Paixão”, muito bem recebido pela crítica. Inclusive, a maioria dos trabalhos de Eastwood como diretor são bem criticados, sendo que ele é considerado o único ator da história cinematográfica a estrelar filmes de sucesso por cinco décadas. Para compensar seus sucessos, Clint Eastwood tornou-se o diretor da “Malpaso Productions” *¹, uma companhia criada pelo seu assessor. A empresa existe desde 1968 e foi financiada com o dinheiro da “trilogia dos dólares”. É muito famosa devida sua eficácia ao realizar películas, demorando pouco tempo para filma-las em relação às outras produtoras.
Adentrando na parte mais pessoal de Clint Eastwood, o artista conta com um número estrondoso de filhos (sete, no total), sendo que são de cinco mulheres diferentes. Além disso, também já foi envolvido por uma série de polêmicas, principalmente após o lançamento de uma “biografia não-autorizada”. Até mesmo um dos seus mais famosos personagens (Harry Callahan, em “Magnum Force”, de 1973) dizia: “um homem precisa saber suas limitações”, porém Eastwood parece que não aprendeu com “Harry, o sujo”: em tal biografia, o autor Patrick McGilligan diz que o artista teve casos extraconjugais com outras mulheres, era obcecado pelo dinheiro e não tinha nada de profissional em si. De tudo isso, não sabemos o que é verdade ou não para julgá-lo.
Além todas suas grandes relações em comum com a sétima arte, Eastwood parece que tem algo em particular com as urnas eleitorais: já foi eleito – duas vezes – como o ator favorito dos estadunidenses; e, para quem nem imagina, Eastwood é também presente na política, sendo do Partido Republicano desde 1951 e tendo em seu currículo o cargo de prefeito de Carmel-by-the-Sea, entre 1986 e 1988. Inclusive, a cidade é o local de seu primeiro filme como diretor, o qual já foi citado anteriormente.
Como já se não bastasse, Clint Eastwood também possui muitas ligações com a música: em seus “anos rebeldes” tocava piano em bares, porém a medida que a fama lhe subia pela cabeça ele também mostrava sua apreciação pela música blues e pelo jazz. Até fez um recente documentário sobre o estilo musical intitulado como “The Blues - Piano Blues” *², em que conta com entrevistas de grandes músicos consagrados. Além de entrevistas, tais músicos tocam e conversam de forma bem humorada com Eastwood, o qual até “arranha o piano” em algumas brechas. Inclusive, Clint Eastwood canta uma música no final de seu recente e excelente “Gran Torino” (2008), em parceria com seu filho músico Kyle Eastwood e com o ídolo pop Jamie Cullum.
É também em Gran Torino que Clint Eastwood finaliza – com chave-de-ouro – sua participação como ator no cinema. No filme, somos levados diretamente até um show de atuação, um show de direção e um show melodramático, o que representa a obra do diretor/ator. Tudo se combina e se encaixa perfeitamente na película.
Música cantada por Clint Eastwood e Jamie Cullum nos créditos da obra-prima “Gran Torino”.
Devido a todos seus feitos cinematográficos, não é a toa que Clint Eastwood merecia a premiação máxima da sétima arte: venceu quatro Óscares de Academia, sendo dois como “Melhor Diretor” e dois como “Melhor Filme”, ambos de “Os Imperdoáveis” (1992) e “Menina de Ouro” (2004). Apesar de não ter vencido nenhum como “Melhor Ator”, todos sabem que Eastwood já fez mais do que sua obrigação para o cinema e que, se continuar do jeito que está, fará mais ainda.
Atualmente aos 80 anos, Clint Eastwood continua produzindo todo ano – como um incansável jovem – películas tão boas que chegam a nos surpreender: lançou em 2009 (um ano antes da Copa do Mundo na África do Sul) um filme sobre a vida do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela (interpretado pelo amigo Morgan Freeman); não deixou 2010 em branco e lançou “Além da Vida”, um drama de caráter religioso, tentando nos esclarecer uma pergunta que não quer calar: “como é a vida após a morte?”. E como já foi definido, dirigirá uma película prevista para ser lançada em 2012, com Leonardo DiCaprio no papel do fundador e ex-diretor do FBI, J. Edgar Hoover.
Para quem ainda tem alguma dúvida sobre o potencial artístico de Clint Eastwood, basta apenas ler e reler este artigo, até que se perceba o quão especial Eastwood é, observando os mais variados presentes que ele trouxe para o cinema e o que o cinema trouxe para ele. Do jeito que anda produzindo, rezamos para que ele continue por muito mais tempo na ativa e, com toda certeza do mundo, posso afirmar que Clint Eastwood é e continuará sendo uma das maiores personalidades do mundo cinematográfico já existente.
*¹ O nome “Malpaso” é derivado de uma região onde Eastwood viveu, localizada ao sul de Carmel-by-the-Sea, onde mais tarde se tornaria prefeito. O primeiro filme realizado pela Malpaso foi “Hang’em High”, um faroeste estrelado pelo próprio Eastwood.
*² “The Blues – Piano Blues” (2003), além de ser dirigido por Clint Eastwood, foi produzido por outro dos grandes ícones norte-americanos: Martin Scorsese. Para quem vive no Brasil, o documentário passou por algumas semanas na TV Cultura aos sábados de madrugada.
Um grande ícone do spaguetti western Italiano, hoje sua imagem é muinto usada ao que reférice ao oeste, seu grande estilo era quando ele acendia o charuto e movimentava o palito com um jeito lento para apagalo, movendo o charuto para um lado e outro, foi sua grande marca registrada. valeu Bruno ótima postagem do Eastwood!
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