BRING ME THE HEAD OF ALFREDO GARCÍA
(TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCÍA)
Direção: Sam Peckinpah
Roteiro: Sam Peckinpah e Gordon Dawson
Produção: Martin Baum
Ano: 1974
Elenco: Warren Oates, Isela Vega, Robert Webber...
Duração: 112 minutos
“O cachaceiro e irresponsável Sam Peckinpah mostra que é capaz de fazer uma obra-prima com o pouco que tinha em alcance”
Análise: Como eu mesmo defino um dos maiores diretores do western – Sam Peckinpah –, “ele é um cara que não toma o mel, logo masca a abelha”. O diretor não quer saber de blá blá blá, vai direto ao ponto e sem frescuras. Neste filme de nome um tanto quanto macabro, habitado por bandidos, prostitutas, estupradores e muchas moscas, Peckinpah mostra sua grande marca registrada: a violência. Foi sua obra com menos interferência de estúdios, o que acaba resultando em algo totalmente particular do diretor, algo como deveriam ser suas obras passadas, mas infelizmente todas acabaram sendo adulteradas por estúdios que não aceitavam a maior característica do “cineastro”.
Após o video, até retomo a ideia de que um dos grandes e consagrados diretores atuais (Quentin Tarantino) usa como base de sua inspiração a violência utilizada por Sam Peckinpah em suas películas, como nessa; ao ver filmes de Tarantino, surge sempre uma lembrança do cachaceiro Peckinpah. Logicamente que Sam foi um “marco” para a sétima arte, já que ele quebrou as barreiras do cinema americano (no qual a violência era pouco válida) e desenhou seus próprios planos, principalmente o de ser conhecido como o “precursor do slow motion”, característica mais que presente em obras de Peckinpah.
Para dar vida à trama da película, temos a figura do decadente Peckinpah formado pelo pianista Bennie (Warren Oates impecável), além de sua prostituta e por vezes cantora Elita (Isela Vega). Ambos têm pensamentos borbulhantes em suas mentes para adquirir a recompensa oferecida pela cabeça de Alfredo García. Aliás, vocês devem se perguntar o porquê de quererem a cabeça deste pobre homem, sendo que ele não fez algo de tão grave assim: apenas engravidou a filha de um poderoso homem da região, El Jefe (Emílio Fernandez). Após o assassinato de exatas 16 pessoas – inclusive Elita – apenas para a aquisição da cabeça de García, um fim trágico espera por Bennie.
Em uma história criada pelo próprio Sam Peckinpah em parceria com Frank Kowalski, é possível encontrar tanto personagens definidos quanto personagens desnecessários, no qual temos o exemplo de Kris Kristofferson, atuando como um motoqueiro em uma cena completamente desnecessária e longa. Em relação à trilha sonora, percebemos sua presença, apesar de não ser com grande frequência: o maestro Jerry Fielding alterna-se entre bons e maus momentos nas músicas, tais quais os personagens definidos e desnecessários citados anteriormente.
Apesar da dificuldade financeira na qual foi realizado e do retrato que faziam de Peckinpah (como um demente e acima de tudo sádico), ele nos impressiona com um retrato corrosivo e cru, nos dirigindo até um submundo de pobreza e lucidez, transformando tudo em um clima bizarro (e sujo, muito sujo). Apesar de conter alguns erros (uma ou outra cena desnecessária), estes podem ser totalmente ignorados, já que se tornam minoria em relação à magia de Peckinpah, que mostra toda sua revolta degradante, odiosa e frenética em um dos melhores filmes de sua carreira.
MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 9,5.
ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.
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