24 de setembro de 2011

Crítica: Adeus Gringo

ADEUS GRINGO

Direção: Giorgio Stegani

Roteiro: Giorgio Stegani, José Luiz Jerez e Michelle Villerot

Produção: Bruno Turchetto

Ano: 1965

Elenco: Giuliano Gemma, Ida Galli, Pierre Cressoy...

Duração: 100 minutos

Um western spaghetti com ares de norte-americano.

Análise: Não há como negar que, ao serem lançados para o mundo cinematográfico, os faroestes europeus tinham de tudo para serem considerados como estadunidenses. Desde a fotografia e figurinos até a história, os dois se equivaliam e nos confundiam a cabeça... Isto é um fato do western! A distinção entre um e outro era realmente complicada para se fazer, e caso não houvesse algum tipo de elemento que mostrasse as características do spaghetti, provavelmente passaríamos despercebidos por um faroeste europeu, chamando-o logo de cara como algo norte-americano. Senão fosse às locações e a linguagem dos atores, estaríamos presos em um belo equívoco! Para esta fase do início dos anos 60 damos o nome de pré-spaghetti, já que a fase concreta do gênero foi mesmo colocada em prática pelos consumidores de Sergio Leone – os xarás Corbucci e Sollima – e pelo próprio diretor.

Para aumentar ainda mais o impasse entre “norte-americano ou europeu?”, o filme é baseado na novela Adios, do escritor estadunidense Harry Whittington. Na história – um tanto quanto clichê, diga-se de passagem – o personagem de Giuliano Gemma é o jovem cowboy Brent Landers, o qual logo dá os passos iniciais do filme: de uma forma bem misteriosa, ele cavalga por umas bandas desconhecidas até que encontra o desonesto fazendeiro Gil Clawson (Nello Pazzafini), responsável por lhe vender alguns gados roubados e como em um passe de mágica, ele aceitar a oferta. Justamente ao chegar à cidade se depara com o verdadeiro dono dos gados, causando conflitos que o perseguiriam como culpado pelo todo resto de toda sua vida.

A entrada do papel feminino – uma das características mais marcantes do western norte-americano – se dá quando Landers encontra Lucy Tillson (Ida Galli) nua e amarrada no meio do deserto pelo grupo do mesmo homem que vendeu o gado e o pôs em toda a confusão. Como de praxe, eles se apaixonam e no final desaparecem em meio ao pôr-do-sol para, quem sabe, viverem felizes para sempre...

Com a sinopse acima, imediatamente temos uma impressão de que algo soaria como superficial... E é o que acontece! Todas as situações dão tão certas para sair erradas (ou vice-versa) que o resultado final se transforma em uma circunstância transparente, sendo algo já esperado pelos espectadores depois de tantas reviravoltas previsíveis. Fora isso, o roteiro ainda dá espaços errôneos para que o filme se torne arrastado mesmo com seus poucos 100 minutos: todas as ações interessantes se concentram no início e umas poucas no fim, portanto os fatos que deveriam ser rápidos passam a possuir uma extrema duração. E pelo último dos erros mais notáveis, está a história clichê: o homem culpado por uma ação que não fez de verdade. A mesma trama é também narrada em outro filme com Giuliano Gemma no papel principal, só que na ocasião dirigido por Giorgio Ferroni, em 1967: Minha Lei é Matar ou Morrer chega a lembrar de muitas maneiras o trabalho feito há dois anos.

Agora já dando espaço aos acertos, a mistificação de Brett Landers talvez seja um dos principais neste quesito: o agrado do espectador com sua pessoa é imediato, já que ele faz o sujeito rápido no gatilho e difícil de ser atingido pelos adversários em um eventual tiroteio. A torcida que lhe oferecemos é demasiada para que no final de tudo ele retire a máscara em que todos não confiavam!

De um estilo mais sóbrio e simplório, a direção de Giorgio Stegani não apresenta nada de fantástico, podendo até ser classificada como “incomparável e inocente em relação aos grandes gênios do spaghetti”. As atuações também não são de deixar nosso queixo caído, apesar de ter em vista um elenco recheado de posteriores estrelas do bang-bang italiano. O roteiro do trio Stegani-Jerez-Villerot, como discutido anteriormente, apresenta falhas incontentáveis para um filme que poderia sem contradições ir direto ao ponto.

Em uma conclusão lógica, Adeus Gringo é uma opção de entretenimento para ser assistido em um domingo ou feriado com alguém que goste do bom, do velho e do simples faroeste. E, respondendo à principal incógnita deixada por meio desta análise, o filme passa por algo mais norte-americano do que europeu, confirmando isto desde seus créditos em que os atores tiveram seus nomes “americanizados” para dar um toque a mais e parecer com que tenha sido feito no país onde o faroeste é a maior peculiaridade da sétima-arte, segundo o crítico francês André Bazin.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

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