17 de setembro de 2011

Crítica: Eu quero ele morto

LO VOGLIO MORTO

(EU QUERO ELE MORTO)

Direção: Paolo Bianchini

Roteiro: Carlos Sarabia

Produção: Ricardo Merino

Ano: 1968

Elenco: Craig Hill, Lea Massari, José Manuel Martín...

Duração: 82 minutos

Fotografia surpreendente e qualidade técnica invejável para as grandes produções marcam um dos clássicos ocultos do western spaghetti.

Análise: Talvez os deslumbrantes desertos europeus nunca estivessem tão explícitos em algum western spaghetti do que em Eu quero ele morto. Realizado no auge criativo do gênero, o filme é um dos mais injustamente desconhecidos dentro do cinema, já que seu brilho foi ocultado por obras muito maiores e notáveis lançadas na mesma época, como Era uma vez no Oeste, de Sergio Leone e O Vingador Silencioso, de Sergio Corbucci. Apesar de tudo, o trabalho do também desconhecido diretor Paolo Bianchini não deixa a desejar em termos de qualidade e história...

Gerada completamente por conta do acaso – fato que acontece sem motivo ou explicação aparente –, a trama principal do filme se estabelece logo em seus primeiros instantes: não há tempo para enrolação nem blábláblá, até porque os 82 minutos do projeto são muito curtos para envolver tudo isto e ainda acrescentar a Guerra da Secessão, período em que o filme se passa!

Portanto, como uma forma de não perder o tempo que quase nem existe, o acaso mencionado acima acontece após a primeira cena e é ele o responsável por dar o empurrão no filme: o pistoleiro Clayton (Craig Hill) e sua irmã (Cristina Businari) fazem uma parada em uma pequena cidade; enquanto o homem ruma para o encontro com um velho conhecido, sua irmã é deixada em um hotel. Ao voltar do encontro, o pistoleiro fica sabendo que dois cruéis assassinos a mataram, porém um deles deixa uma pista e rapidamente é identificado. Sendo assim, o desejo de Clayton a partir daquele momento era simplesmente lavar sua vingança com o sangue dos bandidos, mesmo tendo em frente diversos obstáculos, como um poderoso homem da região nomeado Mallek (Andrea Bosic) e também o xerife da cidade...

E toda esta história deriva de um roteiro, o qual foi escrito por Carlos Sarabia e é o responsável por proporcionar tais situações simples, porém essenciais; até chega a ser um dos pontos mais altos de Eu quero ele morto e, além de serem circunstâncias comuns como as que os personagens deixam seus adversários viverem ao invés de acabar com tudo, são necessárias para que a história tenha continuação e aumente seu nível de emoção para o gran finale. Acompanhado do roteiro, as atuações também levam uma grande pontuação no fim de tudo: elenco afiado e atuações seguras por parte dos atores e atrizes, com destaque para o vilão inofensivo Jack Blood (José Manuel Martín). Mas, apesar de estes dois serem bons concorrentes, o que leva a melhor no fim de tudo é mesmo a fotografia, de Ricardo Andreu: paisagens maravilhosas do deserto de Almería, talvez nunca mostradas de forma tão bela como neste filme. Correndo por fora, ainda há a direção consistente de Paolo Bianchini e a trilha sonora saliente de Nico Fidenco, compensada pelo vocal de Lida Lú no tema principal, denominado Clayton.

Mesmo não pertencendo à classe daquelas obras-primas sem iguais do western spaghetti, o segundo faroeste realizado pelo diretor Paolo Bianchini se abriga em uma conveniente posição em relação aos outros trabalhos do gênero. A causa disto é justamente a maneira oportuna de como ele soube utilizar os elementos mais importantes para se realizar um spaghetti, fazendo com que película se torne indispensável para qualquer fã de um bang-bang direto na lata e sem frescuras! Então, sem dúvida alguma, Eu quero ele morto é um prato cheio para quem tem a ambição de se defrontar com pistoleiros justiceiros, facínoras covardes, donzelas em apuros e finais felizes por um lado e tristes por outro...

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

6 comentários:

  1. Como sempre uma análise bem feita que faz a gente ter vontade de assisti-lo logo. E aí Bruno, o q vc prefere: quando vai direto ao assunto, ou quando tem aquela narrativa arrastada e cheia de tensão? Abraço.

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  2. Obrigado pelo comentário.

    Ah, sua pergunta é bastante relativa: desde que o filme seja bom, qualquer uma das opções vale a pena! Apesar disto, como uma forma de desenvolver melhor os personagens e a história, a narrativa lenta pode se favorecer.

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  3. Indubitavelmente um Spaghetti de fotografia excepcional, com um marca própria, apesar de não ter gostado muito do desempenho de Craig Hill. Preciso vê-lo novamente para avaliar melhor.

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  4. Craig Hill não é propriamente um prodígio de versatilidade artística, mas este filme foi feito para ele.

    O filme é bom, mereceria mesmo alguma maior notabilidade, mas é por isso que este e outros blogues são importantes.

    Deste realizador posso também recomendar "Quel caldo maledetto giorno di fuoco", um dos westerns favoritos de Quentin Tarantino.

    --
    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    http://auto-cadaver.posterous.com
    http://filmesdemerda.tumblr.com

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  5. Ótimo, gostei da atuação do ator craig hiil na qual não o conhecia, a trilha de abertura com um toque suave na voz da cantora lida Lú ficou sublime referenciando ao personagem Clayton. valeu Bruno e Thierry um abraço.

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  6. Opá, valeu a você por nos acompanhar.

    Abraços!

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