BAILE PERFUMADO
Direção: Paulo
Caldas e Lírio Ferreira
Roteiro: Paulo Caldas, Lírio Ferreira e Hilton Lacerda
Elenco: Duda
Mamberti, Luiz Carlos Vasconcelos, Aramis Trindade...
Ano: 1997
Duração: 93 minutos
O homem que filmou o bando de Lampião merecidamente
retratado nas telas, em um filme de poucos clichês biográficos.
Análise: Baile Perfumado é um cangaço que tem uma história alternativa e de
poucas peculiaridades do gênero, pois, ao invés narrar às aventuras de algum
destemido cangaceiro e suas secas e precárias vidas, ele se importa em focar no
cinegrafista libanês Benjamin Abrahão, o único a conseguir tirar uma foto do “Robin Hood latino” – Lampião, uma das personalidades mais conhecidas de nossos últimos
100 anos.
Padre
Cícero (interpretado aqui pelo prolífico ator Jofre Soares) se tornou o
responsável pelo então repercutido encontro entre o eminente bando de Lampião (Luiz
Carlos Vasconcelos) e Benjamin (Duda Mamberti), sendo este o secretário do
Padre antes que o mesmo morresse, em 1934.
Interessado
em acompanhar os criminosos por um tempo, para que pudesse registrar o estilo
de vida do grupo e poder comercializar depois, o libanês é mostrado na fita arranjando
os equipamentos necessários para a filmagem, a prévia dos orçamentos e as fontes
para reencontrar Lampião, além também do fato de seu trabalho não ter sido bem
visto; com a finalização, há a suspeita morte de Benjamin, que teve o corpo
furado por uma faca quarenta e duas vezes, sem que ninguém saiba quem foi o
verdadeiro culpado.
A
atuação de Mamberti como o protagonista se destaca no filme, esforçando-se e
conseguindo fazer um convincente (e marcante) sotaque gringo. Afora ele, o elenco
tem alguns atores de renome no cinema nacional, os quais obtêm razoáveis
atuações: Luiz Vasconcelos interpreta um Lampião curioso e até um tanto quanto
ignorante, sempre querendo saber mais sobre objetos que Benjamin utilizava, por
mais ultrapassados que fossem, como a garrafa térmica ou a própria câmera
fotográfica.
Junto
com a história do fotógrafo, também é notada uma subtrama, entrelaçando a
história de Benjamin com a rivalidade de Lampião contra os volantes. Inclusive,
é assim que o filme se inicia, com uma perseguição travada entre tais classes; o
coronel até fica envergonhado ao perceber que um simples fotógrafo encontrara o
perseguido e inabalável cangaceiro, enquanto seus volantes não tinham tal
capacidade. Depois de finalizadas as gravações, Lampião escreveu uma carta para
o amigo, afirmando que fora o único que filmou ele e seu bando (a carta pode
ser lida aqui).
Baile Perfumado tem uma direção razoável, comandada por quatro
mãos que, em algumas partes, misturam o material coletado pelo verdadeiro
Benjamin. Dando um show nos figurinos dos cangaceiros, o filme também conta com
uma boa trilha sonora, com participações de artistas como Chico Science, Fred
Zero Quatro e Lúcio Maia.
MINHA NOTA:
POR THIERRY VASQUES.