7 de março de 2012

Crítica: Garringo

DEAD ARE COUNTLESS

(GARRINGO)

Direção: Rafael Romero Marchent

Roteiro: Joaquín Romero Marchent e Giovanni Scolaro

Produção: Berto Solino

Ano: 1969

Elenco: Anthony Steffen, Peter Lee Lawrence, Solvi Stubing...

Duração: 84 minutos

Apesar de se encher com falhas de sincronização, são aproveitados os recursos de produção para que se possa realizar uma interessante história.

Crítica: Garringo é um euro-western do ano de 1969, dirigido pelo espanhol Rafael Romero Marchent – famoso na Europa justamente por conta de suas produções para filmes do gênero, ao lado do irmão mais velho Joaquín Romero Marchent. Apesar de esta fita estrelada pelo astro ítalo-brasileiro Anthony Steffen contar com pouquíssimos recursos e muitos erros de tempo na edição, ela se compensa a partir de uma história um tanto quanto diferente e também nas boas atuações do elenco.

Iniciando através de um flashback do menino com nome Johnny (Peter Lee Lawrence) em cena, percebemos sua fuga de casa após seu pai – um antigo tenente – ser alvejado por um oficial do exército, o qual alegava que ele o havia traído. Johnny, então, é encontrado e adotado por Klaus (José Bodalo).

Desde criança, já demonstrando seu apreço por armas, adquire o desejo de aprender atirar e, portanto, Klaus cede aos vários pedidos do garoto, ensinando-o a usar um revolver. De volta para o presente, vemos Johnny adulto assassinando todo e qualquer soldado de farda azul, sem dar a mínima chance de defesa e, ainda por cima, avisando o exército pelas atrocidades cometidas por ele assinando o próprio nome.

Consequentemente, querendo vê-lo morto, o exército liberta o Tenente Garringo (Anthony Steffen) da cadeia, sendo que ele era visto pelo Coronel como “o único homem que pode capturar Johnny”. A jornada para a prisão do assassino é longa, sendo que este ainda volta para casa com o objetivo de rever o pai adotivo e também Julie (Solvi Stubing) – filha de Klaus que cresceu ao lado de Johnny.

Fugindo de alguns clichês comuns do western, o filme consegue dar algumas enganadas no espectador, primeiramente ao mostrar o flashback de Johnny e logo após mostrá-lo como um adulto matando vários soldados, fazendo com que se crie uma ilusão nos espectadores de que ele é o protagonista (algo que é rapidamente descartado com a apresentação de Garringo). Outro clichê quebrado é a inexistência de enfrentamento entre o “bem e o mal”, criando um duelo mais psicológico na mente de quem assiste.

Dentro do elenco composto por um dos ícones do western spaghetti, Anthony Steffen, a atuação da dupla principal se mantém em um patamar considerável; a mágica atuação do austríaco Peter Lawrence é marcada por este deixar de lado a cara de bonzinho e aderir a uma figura de extrema maldade. A direção, junto com a edição, é falha, tendo inúmeros erros de tempo – sobretudo nas cenas de ação. Outra técnica utilizada por Rafael Romero Marchent é que ele faz um jogo de imagens para não mostrar tanta violência, como acontecia de maneira exagerada nos faroestes norte-americanos devido à lei que rondava as bandas do cinema hollywoodiano na época.

Por último, Garringo ainda possui uma bela trilha sonora composta por Marcello Giombini e uma ótima exploração de paisagens, a qual fica nas mãos do diretor de fotografia, Bruno Bolognesi. Quanto à utilização dos flashbacks em seu começo, apesar de parecer comum hoje em dia, a técnica é explorada a partir de uma textura estranha nas laterais da imagem, sendo que elas ficam borradas para mostrar que são lembranças.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:

ANÁLISE FEITA POR THIERRY VASQUES.

Um comentário:

  1. Concordo com a tua interpretação sobre a não utilização do habitual confronto final. É pouco habitual no género mas resulta bastante bem.

    Queria alertar que o Peter Lee Lawrence era austriaco e não australiano. Ele que nasceu como Karl Hirenbach, faria bastantes participações no género sendo esta uma das mais interessantes, sobretudo pelo carácter psicótico da sua personagem.

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    Pedro Pereira

    http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
    http://auto-cadaver.posterous.com

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