13 de junho de 2012

Crítica | Quando os Homens são Homens

McCABE & MRS. MILLER

(QUANDO OS HOMENS SÃO HOMENS)

Direção: Robert Altman

Roteiro: Robert Altman e Brian McKay

Ano: 1971

Elenco: Warren Beatty, Julie Christie, Rene Auberjonois …

Duração: 120 minutos

Um amargurado e penoso cenário põe Altman no pedestal ao dirigir sua visão de como se deu a conquista do oeste.

Análise: Lançado na época em que a música folk estava em uma grande onda de ascensão, Quando os Homens são Homens transborda referências ao estilo musical liderado e mais reconhecido pelo cantor e multi-instrumentista de Minnesota, Bob Dylan – que não só agiu no mundo da música, tornando-se também um completo artista ao fazer parte de obras cinematográficas de importância, como Pat Garrett & Billy The Kid (Sam Peckinpah, 1973). Como consequência da época, a trilha sonora do filme é composta pelo parceiro de Dylan nos constantes festivais do gênero musical, o canadense Leonard Cohen.

No inicio do século XX, John McCabe (Warren Beatty) chega a uma cidade em construção. Obtendo um pouco de respeito por aquelas bandas, McCabe abre o primeiro bordel do local. Inicialmente, visa algo de bastante simplicidade, mas, com a chegada de Constance Miller (Julie Christie), os negócios mudam de rumo. Ela convence McCabe a fazer uma parceria, em que Miller cuidava das prostitutas e McCabe entrava com a parte do dinheiro.

A parceria dá certo, o bordel faz sucesso e a cidade fica conhecida, fazendo até com que uma companhia de minério tente comprar o estabelecimento da dupla, em conjunto com as terras ao redor. Mesmo advertido por Miller, McCabe recusa a oferta duas vezes, esperando que os negociadores aumentassem o valor – o que não acontece, visto que os negociadores são substituídos por pistoleiros que vão atrás de McCabe para conseguir a conquista do território para a empresa. Com um final épico, onde uma perseguição pela neve é capaz de mexer com a mente dos espectadores, McCabe precisa ter coragem para conseguir escapar dos pistoleiros.

Um dos maiores destaques da fita está por conta da direção do primoroso Robert Altman, devidamente seguro atrás das câmeras, utilizando-se de vários close-ups e alguns planos com zoons elevados em níveis de dramaticidade. Ele faz cenas nas mais variáveis situações, aproveitando as mutações climáticas de seu “palco a céu aberto”: temos tanto cenas na chuva, quanto no sol e até na neve.

Já a dupla de protagonistas também recebe seu merecido valor ao lado de um vasto elenco com marcantes personagens. As faixas musicais, compostas pelo já citado Leonard Cohen, cai muito bem com as paisagens de uma beleza, no mínimo, belas.

O filme, inicialmente, preza pela chegada de McCabe e Miller e, à medida que desenvolvem o bordel, relacionam-se de maneira igual a um casal de família: todos os problemas, dificuldades e discordâncias da dupla são demonstrados, visando um foco mais no alargamento da história do que na ação propriamente dita – exemplo é que não há nenhum tiro em tal ato. Entretanto, todo o clima pacífico da dupla altera-se quando McCabe – tido como um temido pistoleiro, mas provando o contrário no decorrer da projeção – recusa a oferta de compra de seu estabelecimento feita pela companhia de minério, resultando em um final sangrento e dramático.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:

ANÁLISE FEITA POR THIERRY VASQUES.

3 comentários:

  1. Esta postagem me atinou aguçadamente para o lado mistico e realista desta fita. Aliás, como tudo que o Altman faz.
    Todas as fitas que assisti comandada por ele são filmes densos, seguros, com um fio alternado de dispersão que terminam por se encaixarem todos num imprevisto climax.

    Nos seus filmes nada do que se está esperando acontece. O que não deverá ser alterado por este genero se tratar de um western, pois este tipo de clima faz parte do natural arsenal do Altman e de sua forma de dirigir.

    Vou deixar então esta fita de sobreaviso para tão logo a oportunidade surja, ve-la, e com grande expectativa.
    Uma muito boa resenha. Compacta, limpa e clara demais.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. Ainda não assisti este, na verdade minha dívida com velho oeste só tem acumulado nos últimos anos, qualquer hora dessas algum daqueles bandidos mal encarados aparecem para cobrá-la... Brincadeiras á parte, confesso que tenho assistido poucos westerns ultimamente, tem alguns clássicos que eu quero revisitar para resenhar no Sublime Irrealidade, mas cada vez o tempo fica mais escasso e a escolha em relação a qual o próximo filme assistir fica mais difícil... Me interessei ainda mais por você ter dito que "Quando os Homens são Homens" termina de forma sangrenta, mas valoriza a história em seu desenvolvimento...

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    1. Amigo, sabe que quanto maior a dívida que tem para com o western, mais os pistoleiros se preparam para te caçar, né? hahaha.

      Parabéns pelo seu blog, o Sublime Irrealidade. Espero a crítica de algum faroeste por lá!

      Abraços.

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