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TEX – VENDETTA NAVAJO *
Roteiro:
Claudio
Nizzi
Arte:
Giovanni
Ticci
Sinopse:
“Apaixonado – e
correspondido – por uma garota branca, um jovem navajo da aldeia de Tex é preso
e acusado depois que a jovem e seu pai são assassinados. Pior ainda, o povo da
cidade quer linchá-lo, instigado pelos verdadeiros criminosos. Mas Tex intervém
e coloca sua vida em grande perigo para livrar o índio e prender os culpados”.
Análise:
A
construção de estereótipos arquitetados em crenças e na cultura popular dos
norte-americanos sempre esteve presente na maioria dos casos que se interligam
ao faroeste, até mesmo se tratando de um fumetti
puro como a água – isto é, uma HQ tipicamente italiana, como TEX.
O que quero dizer é que se retratam demasiados ideais físicos e psicológicos em
cada personagem, variando de acordo com sua posição na historieta: se há um
xerife, ele terá um bigode e será o honesto portador da estrela, o mantenedor
indubitável da paz na cidade; se há um negociante, terá as mais belas roupas
para vestir e uma grana preta para gastar, mas, mesmo assim, não se contenta
com o que possui e só quer ver o “circo pegar fogo”. E, dentre muitas
generalizações em diante, somente o protagonista Tex Willer é exceção, já que foi um dos expoentes dessa geração de
heróis prontos para a ação, amigo de todos (salvo de seus peculiares inimigos)
e sempre bem vestidos e engomadinhos.
Assim, nas primeiras
impressões e folheadas pelo quadrinho, já abastecemos nossa visão com uma
cacetada de nomes até então desconhecidos, porém, que vão se explicando
pouco-a-pouco com o decorrer da narrativa. Afora isto, ainda no confuso
aquecimento das primeiras páginas, são de difícil compressão as ações exercidas
por cada um ali desenhado. Mas, por entre escorregões, também se relacionam
boas sacadas vindas da mente de Nizzi, escritor deste capítulo e herdeiro de
G.L. Bonelli, ao impor uma forte crítica contra o futuro político da cidade de Sanders,
Ray Haggarty, como um dos maiores
causadores de estardalhaços no contexto da história em questão.
É então que o roteiro, de
certo modo, acaba caindo em irregularidades e não passa daquelas típicas
aventuras do mocinho contra o bandido no velho-oeste; a busca por explicações
de determinadas ações acaba curvando-se para um resultado pedante, como se os
leitores não fossem capaz de entender, por exemplo, o porquê de o “índio Ki-Nih
ter fugido da aldeia para ir à cidade” – e, portanto, dá tal informação por meio
de seu pensamento. Não significa, contudo, que o gibi seja mal escrito ou
adjetivos do tipo (tanto que até hoje é um sucesso entre os fãs e conhecedores
da nona-arte). O único que se pode afirmar a respeito é a falta de elementos
que tragam surpresas ou aberturas para novas situações, ou seja, para despertar
o nosso interesse.
Já direcionando à arte, cargo
ocupado por Ticci, o qual é considerado “o melhor desenhista de Tex, somente atrás de Galep”, os traços
cerrados dão mais estabilidade aos personagens e a découpage transforma toda a exposição dos quadrinhos em algo mais
leve e receptivo, com alguma pouca rispidez.
Ao fim de suas folhas, o Almanaque nos dá uma compacta biografia
de Clint Eastwood,
com doze páginas muito apetitosas sobre a vida do ator e diretor e, ainda mais,
alguns acontecimentos que rondam o universo do pistoleiro Tex Willer, concebido pelo italiano de corpo e alma, Gianluigi Bonelli, em 1966 – dezoito
anos após a divulgação do primeiro gibi em tiras.
POR
BRUNO BARRENHA.
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A
HQ aqui analisada faz parte do [primeiro]
sorteio efetuado pelo blog, em comemoração ao nosso segundo aniversário no “oeste virtual”. Além dele, será sorteado o filme Bravura Indômita, de Henry Hathaway, e
que também possui crítica por estas bandas – clique
para ler.
Quer
saber o sortudo que receberá estas duas maravilhas em sua casa? Entre nos
comentários desta postagem.
O vencedor é...
ResponderExcluirCamilo Bicudo. O mesmo que deu o pontapé inicial do Analisando o Oeste ao meu lado, há dois anos, é o sortudo que receberá Bravura Indômita e TEX em sua casa. Parabéns! :)