CORISCO, O DIABO LOIRO
Escrito e dirigido por: Carlos Coimbra
Elenco: Maurício
do Valle, Leila Diniz, Milton Ribeiro...
Ano: 1969
Duração: 100 minutos
Adentrando na história de um dos
maiores nomes do cangaço, Carlos Coimbra não hesita em deixar transparecer os
dois lados da moeda.
Análise: Corisco, o Diabo
Loiro é um filme de cangaço que relata a
real história de um dos grandes nomes do antigo sertão nordestino: Corisco, que,
além de comparsa de Lampião,
também mantinha uma parceria com sua mulher, Dadá, a qual é captura logo no
início da película. Mostra-se, assim, uma narrativa pouco comum, ao desenvolver
o passado das personagens por meio de lembranças que eles têm enquanto são
levados para a prisão.
A
história começa com Dadá (Leila Diniz) cortando o cabelo de Corisco (Maurício
do Valle), ambos decididos a deixar o cangaço após a morte de Lampião (Milton
Ribeiro). Porém, quando o casal está saindo do Ceará, é emboscado pelos volantes
do tenente Rufino (Turíbio Ruiz), sendo que Dadá leva um tiro na perna e
Corisco é gravemente ferido por uma metralhadora. Durante o caminho para a
prisão, a dupla recorda, por meio de flashbacks,
como foram parar nesta vida de sangue e insegurança.
As
memórias mostram todo o passado de Corisco, o qual iniciou sua vida como cangaceiro
matando dois soldados que espancaram seu tio e castraram seu primo. Já
pertencendo aos cangaceiros, ele se apaixona por Dadá quando esta tem apenas 13
anos, e não quer levar a injusta vida por entre matas e perigos. Ela só passa a
andar com Corisco quando este se une a Lampião, após conhecer Maria Bonita, que
permite que os homens andem com suas respectivas mulheres. Com o tempo, Dadá se
acostuma nessa vida, inclusive mostrando coragem e sendo a única mulher a pegar
em armas no bando. Corisco mostra ser um homem inteligente e, portanto, quer o
mesmo de sua mulher, ensinando-a a escrever e repreendendo falas grosseiras.
Um dos momentos mais
marcantes é quanto Lídia (Geórgia Gomide) trai Zé Baiano (Antônio Pitanga) com Bem-te-vi
(John Herbert), e Lampião dá o direito de Zé Baiano punir sua mulher como bem
entender; então, ele a deixa uma noite pendurada no tronco e, ao amanhecer, cava
uma cova em sua frente, espancando a mulher com um pedaço de madeira até a
morte – para ele, esse é o preso de uma traição. Outra situação nada difícil de
esquecer é o fogo cruzado que a população vive, recebendo pressão e sendo
torturados, em busca de informações tanto pelos soldados quanto pelos
cangaceiros.
Como comprovado em um
diálogo entre Dadá e o tenente Rufino, o diretor Carlos Coimbra associa uma
visão imparcial com relação ao cangaço, entendendo que tanto os volantes quanto
os cangaceiros são iguais, muitas vezes matando sem necessidade, apenas pela
influência em determinado pedaço de terra:
Dadá – Vivi no
cangaço pela mesma razão que o tenente vive na volante. Matando, fugindo,
vingando, não aceitando cabresto de coronel. A diferença é que macaco vive
escorado na lei e é promovido toda vez que corta cabeça de cangaceiro.
Rufino – Cangaceiro
é bicho, soldado é caçador.
Dadá – Caçador mata
também, às vezes sem precisar.
Tem-se aqui um ótimo
filme, com uma grandiosa história mostrando o percurso de um dos maiores nomes
do cangaço e abrangendo muito bem os detalhes da época, desenvolvendo também os
dois lados da moeda e os personagens com atuações cativantes.
MINHA NOTA:
POR THIERRY VASQUES.
Todos estes filmes de cangaço foram feitos justamente na época em que mais eu via filmes na vida, cerca de um por dia em média. E isso no cinema, onde eu via todos os filmes da semana e os repassava quando via o ultimo lançamento. Era vicio mesmo da sétima arte.
ResponderExcluirE Carlos Coimbra foi um diretor de linha um. Tudo onde ele meteu a mão deu certo, não apenas como diretor,mas como roteirista e produtor.
Independencia ou Morte, essa pequena joia rara de tão bem feito do nosso cinema, surgiu de suas mãos. Os melhores filmes, naturalmente que excetuando-se O Cangaceiro/53, que é a magnificiencia em termos de filmes do genero e não entra na comparação.
No entanto podemos ver o que saiu de suas mãos dentro do genero; Dioguinho (o único que não vi), A Morte Comanda o Cangaço, Cangaceiros de Lampião, Corisco o Diabo Loiro, A Morte Comanda o Cangaço.
Vivo procurando Dioguinho para comprar, alugar ou o que seja, já que consegui ver o trilher e me encantei. Mas não o pude ver por questão etária. E ele nunca mais passou em qualquer TV ou cinema.
Perfeito que ora não recordo de cada filme dele nem de nada a respeito deles. Sei porém que eram bons porque tenho anotações de seu tempo e lhes punha boas notas.
Estranho como o Canal Brasil, um canal dedicado exclusivamente ao cinema brasileiro, jamais passou qualquer filme dele senão Independencia ou Morte.
Mas, tenho certeza que, assim como os demais citados, Corisco, O Diabo Loiro foi uma das belas peliculas que sairam de suas mãos, de uma forma ou de outra.
jurandir_lima@bol.com.br
Meu caro este filme Dioguinho do Carlos Coimbra não existe mais cópias e no papel principal tinha Hélio Souto e como o irmão do bandido o ator John Herbert.
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