29 de outubro de 2011

Crítica: Pistoleiros do Entardecer

RIDE THE HIGH COUNTRY
(PISTOLEIROS DO ENTARDECER)

Direção: Sam Peckinpah
Roteiro: N.B. Stone Jr.
Produção: Richard E. Lyons
Ano: 1962
Elenco: Joel McCrea, Randolph Scott, Mariette Hartley...
Duração: 94 minutos

Segundo trabalho de Sam Peckinpah no gênero do western logo coloca o polêmico diretor no páreo entre as melhores visões do Oeste.

Análise: Durante a virada da década de 60, o cachaceiro cineasta estadunidense David Samuel Peckinpah – ou simplesmente Sam Peckinpah – polemizava com seu melhor e mais famoso filme na carreira: Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch, 1969). Entretanto, para um dos mais aclamados diretores da onda cinematográfica chamada Nova Hollywood, tudo começou a oito anos desta data: o “poeta da violência” estreava na sétima-arte com seu faroeste intitulado Parceiros da Morte (The Deadly Companions, 1961), o qual estrelava a magnífica atriz Maureen O’Hara. Após tal trabalho e algumas participações discretas em séries televisivas, enfim Peckinpah mergulhou de cabeça no cinema e criou grandes obras-primas, justamente como Pistoleiros do Entardecer, filme derradeiro na polêmica carreira do cineasta.

Como observado no trailer acima, não só o princípio de Peckinpah no cinema é belo, mas também o princípio deste seu filme: maravilhosas imagens da Floresta Nacional de Inyo, nos Estados Unidos, servem como pano de fundo para os créditos iniciais e para praticamente a projeção toda; poucas das cenas são passadas no interior de cidades típicas do velho-oeste... Sendo assim, o principal responsável por tudo é o diretor de fotografia Lucien Ballard, conhecido justamente por seus inúmeros trabalhos com Sam. E, ainda mais por seu trabalho aqui, o filme foi considerado “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo” e então selecionado para preservação pelo National Film Registry.

Já mediando a trilha sonora de George Bassman, escutamos algo lutuoso e que vai de encontro com o assunto tratado na película: o fim do ascético velho-oeste, a fase mais típica na história dos Estados Unidos da América. Ao lado de tal peculiaridade norte-americana, também se vão os heróis, aqui representados diretamente por Randolph Scott e Joel McCrea, antigos e deslembrados, mas consagrados atores do gênero western. Os seus personagens, inclusive, são como os próprios intérpretes: sem espaço no mundo da época, já que novas gerações vêm surgindo para lhes tomar o lugar.

Mas, acima de tudo, o filme em si já vale simplesmente pela direção de Peckinpah: quase todas as marcas registradas que o diretor traria em sua futura carreira estão presente em Pistoleiros do Entardecer, exceto as mais famosas câmeras lentas, que possivelmente ainda estariam em desenvolvimento. Para substituí-las, aqui temos presente imagens mais contemplativas – resultado da fotografia de Ballard. Os tiroteios até são possíveis de serem contados nos dedos, sobretudo porque o mais afiado acontece já nos momentos finais.
Aprofundando-se mais na história de Pistoleiros do Entardecer, o título do filme aqui no Brasil já diz tudo sobre ela: mesmo com uma idade bastante avançada, dois velhos amigos (Steve Judd e Gil Westrum, interpretados por Scott e McCrea, respectivamente) retornam ao mundo dos foras-da-lei para uma missão de busca e leva do ouro de um acampamento de mineiros para o banco da região. O fato da volta de ambos ao banditismo é um tema extremamente semelhante aos que Peckinpah trabalharia novamente em projetos posteriores, como Pat Garrett & Billy The Kid e mais claramente em Meu Ódio Será sua Herança.

Apesar de parecer simples detalhes que levariam a história para um rápido desfecho, muitos problemas acontecem em meio a tudo: o aparecimento da jovem de cabelos curtos Elsa (Mariette Hartley) causa uma intensa reviravolta em todo o grupo, visto que Heck Longtree (Ron Starr) – a nova geração dos pistoleiros – se apaixona por ela, a qual possui um relacionamento em aberto com o mineiro Billy Hammond (James Drury). Agora com maiores problemas, a trama não é mais a mesma sobre “buscar e levar o ouro para o banco”, mas sim enfrentar a família de Hammond e muitas outras complicações pelo caminho...

Realizado no mesmo ano de O Homem que Matou o Facínora (John Ford, 1962), este revisionista western de David Samuel Peckinpah apresenta um parecido nível de violência em relação a um dos maiores trabalho de Ford no gênero que o consagrou. Portanto, apesar de ser a fase mais americana do aclamado “poeta da violência”, já é possível concluir que este segundo faroeste do cineasta estadunidense é um puro filme com as suas subjetivas manchas de sangue e da impetuosidade!

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:
ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

Um comentário:

  1. Tema pioneiro em 1963, o oeste que se modernisa e a decadencia de velhos pistoleiros.
    Concordo com voce, 4 estrelas para o filme

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