28 de fevereiro de 2011

Bravura Indômita


True Grit
(Bravura Indômita)

Direção: Joel e Ethan Coen
Roteiro: Joel e Ethan Coen
Produção: Joel e Ethan Coen, Steven Spielberg, Scott Rudin
Elenco: Jeff Bridges, Matt Damon, Hailee Steinfeld...
Ano: 2010
Duração: 110 minutos

Não preciso dizer mais nada, além de: mais uma obra-prima na conta dos irmãos Coen.

Análise: A película que simboliza mais uma obra-prima dos irmãos Coen é, na verdade, quase um remake do filme protagonizado por John Wayne em 1969, pois foi mais responsável na adaptação do livro de Charles Portis ao cinema. Nas diferenças entre os dois filmes, vemos no de 2010 um elenco mais preparado e decidido, além de um humor mais sarcástico, uma das principais características dos diretores e roteiristas Joel e Ethan Coen. Isto mostra que os irmãos foram mais fiéis ao espírito cômico do livro de Charles Portis, o qual deu origem ao filme de 1969.

Ao assistir o trailer acima, com certeza pensamos em um filme com muitos tiros, muita ação e pouca conversa afiada. É aí que vocês se enganam. Os sempre fantásticos Irmãos Coen utilizam uma conversa e uma narrativa completamente inteligente e também, uma de suas principais características: o humor, sempre sarcástico. Eu acreditava em um filme mais sério, mas não me arrependi nem um pouco com o que vi, aliás, o filme conseguiu tirar boas risadas e bons momentos de tensão da plateia. Alguns momentos podem até mesmo ser definidos como hilariantes, mas que sacavam tantas risadas do que qualquer outro filme de comédia que vemos por aí nos cinemas. É então que percebemos a habilidade dos irmãos, tanto na direção quanto no roteiro. Cenas inesquecíveis não faltam. Posso citar como exemplo a cena do enforcamento e a cena em que Cogburn (Jeff Bridges perfeito em seu papel) chupa o veneno da cobra. É impossível citar apenas essas duas, porém não citarei mais cenas senão falarei o que acontece no filme inteiro, que está repleto de cenas inesquecíveis.

Partindo para os personagens da película, não há o que reclamar, apenas temos de apreciar um verdadeiro show de atuações. Eles são perfeitos da cabeça aos pés: Jeff Bridges interpreta o xerife bêbado e caolho Rooster Cogburn; Matt Damon, o Texas Ranger LaBoeuf; Hailee Steinfeld faz Mattie Ross, uma garota que quer vingar a morte de seu pai; e Josh Brolin o homem que matou o pai de Mattie Ross, chamado Tom Chaney. Decepcionei-me um pouco com a aparição deste último, pois acreditava que estaria mais presente, já que é o “vilão” da história. Nada demais, que possa atrapalhar o resultado final do filme em si.

Tudo parece perfeito na película: a fotografia de Roger Deakins é fantástica, incrível e todos os outros elogios possíveis. Ele, aliás, já trabalhou em muitos outros filmes dos irmãos Coen (11, no total), inclusive no vencedor do Oscar de Melhor Filme em 2007: “Onde os Fracos não têm vez”. A trilha sonora também é boa e Carter Burwell merece elogios. De acordo com a intensidade da ação que acontece na tela, percebemos uma maior precisão dos instrumentos comandados por Burwell. O que mais merece destaque é, em minha humilde opinião, a atuação da linda garota de 14 anos, Hailee Steinfeld. Podemos ver em seu rostinho tímido, uma atriz de futuro brilhante. Toda vez que entra em cena (ou seja, no filme todo), ela rouba a luz dos outros que estão ao seu lado. Mas como eu disse todo elenco está perfeito e quem também merece destaque é Jeff Bridges, interpretando o xerife de forma única e espetacular, sendo o que mais me tirou risos, com seus momentos cômicos.

Traduzindo: é impossível não rir com o filme; é impossível não se impressionar com as atuações, com a fotografia, com a história; é impossível, acima de tudo, não ser uma obra-prima. Sentimos isso ao se levantar da cadeira, ao acender as luzes e ao sair do cinema, com um sorriso no rosto, demonstrando que você tinha acabado de assistir uma obra-prima. Mais uma dos Irmãos Coen, que em meio a filmes de comédia e de faroeste vão ganhando cada vez mais espaço no cinema atual.

OBS.: como sábado estarei viajando, não postarei nada no blog e então estou adiantando hoje. Para vocês também não ficarem sem nada no sábado, o Thierry irá analisar algum filme. Ou seja, estamos trocando de dia nessa semana. Ah, não se esqueçam de ver a postagem dos vencedores do Oscar, clicando AQUI.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 10.
ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

Vencedores do Oscar 2011

Howdy! Hoje venho com a lista dos vencedores do Oscar 2011, com pouquíssimas surpresas, em minha opinião. Os favoritos ganharam, como todos esperavam. Apenas gostaria de que o faroeste dos irmãos Coen (Bravura Indômita, a qual analisarei mais tarde) levasse ao menos uma estatueta. Se fosse para levar alguma, seria a da espetacular fotografia por Roger Deakins (A Origem acabou vencendo). Em relação à categoria de Atriz Coadjuvante, Hailee Steinfeld (a garota Mattie Ross) não era favorita, mas com certeza a veremos segurando uma estatueta, num futuro próximo. Para quem assistiu ao filme dos Irmãos Coen, sabe que estou falando da impecável atuação da menina. Infelizmente, das 10 indicações, não levou nenhuma. Sigamos com os vencedores:

Melhor direção de arte - Alice no País das Maravilhas

Melhor fotografia - A Origem

Melhor atriz coadjuvante - Melissa Leo (O Vencedor)

Melhor curta-metragem de animação - The Lost Thing

Melhor longa-metragem de animação - Toy Story 3

Melhor roteiro adaptado - A Rede Social

Melhor roteiro original - O Discurso do Rei

Melhor filme de língua estrangeira - Em um mundo melhor (Dinamarca)

Melhor ator coadjuvante - Christian Bale (O Vencedor)

Melhor trilha sonora original - A Rede Social

Melhor mixagem de som - A Origem

Melhor edição de som - A Origem

Melhor maquiagem - O Lobisomem

Melhor figurino - Alice no País das Maravilhas

Melhor documentário em curta-metragem - Strangers no More

Melhor documentário em longa-metragem - Trabalho Interno

Melhor curta-metragem - God of Love

Melhores efeitos visuais - A Origem

Melhor edição - A Rede Social

Melhor canção original - We Belong Together (Toy Story 3)

Melhor diretor - Tom Hooper (O Discurso do Rei)

Melhor atriz - Natalie Portman (Cisne Negro)

Melhor ator - Colin Firth (O Discurso do Rei)

Melhor filme - O Discurso do Rei

26 de fevereiro de 2011

Contratado para matar

Quigley Down Under

(Contratado para Matar)

Direção: Simon Wincer

Roteiro: John Hill

Produção: Stanley O’Toole, Alexandra Rose, Megan Rose

Ano: 1990

Elenco: Tom Selleck, Laura San Giacomo, Alan Rickman…

Duração: 119 minutos

Uma película marcada pelo aspecto humorístico em alguns momentos e sério em outros, pelas atuações e pela diferente, envolvente e emocionante história.



Análise: A película é iniciada inteligentemente por parte do diretor Simon Wincer. Uma pessoa até então desconhecida passa a se arrumar para fazer algo ainda mais desconhecido: carrega seu cinto com munição, pega uma faca e um rifle, guarda seu relógio, coloca seu chapéu, e por fim, olha um mapa, deslizando sobre este o seu dedo que estava nos Estados Unidos para uma região da Austrália. Tudo isso é acompanhando por uma leve música tocada ao fundo, e na tela vemos os nomes de todos participantes da produção. Logo isso é interrompido pelo navio que navegava ao mar azulado e parava na cidade de Fremantle, na Austrália Ocidental. É onde vemos o personagem desconhecido na cena inicial: seu nome é Matthew Quigley (Tom Selleck numa atuação impecável) e temos uma visão de que o cidadão americano terá muito com que se acostumar.

O filme acompanha algumas gags, trapalhadas que acabam por se realizar em situações inesperadas, as quais você nunca acreditaria que aconteceriam naquele momento. Merece grande destaque pelo nível de humor contido nele devido ao inteligente diálogo, com personagens que vão entrando a todo o momento. No início do filme, após a chegada à Austrália, vemos isto acontecer.

A fotografia de David Eggby nos garante belas e diversas paisagens da Austrália, local da gravação; os diálogos bem elaborados nos lembram dos belos tempos do western, com falas irônicas e também engraçadas; a direção de Simon Wincer é inteligente e mais do que necessária; a atuação dos atores (principalmente de Tom Selleck) é maravilhosa; a trilha sonora de Basil Poledouris é ótima, envolvente e acompanha a ação de forma única; a história criada é interessante, emocionante em certo ponto e muito diferente das outras histórias de faroeste que vemos por aí. Porém, tudo citado não seria suficiente para criar este filme que foi feito, senão fosse pelo aspecto que carrega consigo: ora humorístico, ora sério. O humor dos personagens muda repentinamente, o que é em minha opinião o fator que merece maior destaque desta película, desconhecida por muitos e de ótima qualidade.

OBS.: Merece um destaque à mais pela participação de Alan Rickman, conhecido por ser o Severo Snape da série Harry Potter. "Contratado para Matar" foi um de seus primeiros filmes na carreira.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 8,5.

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

21 de fevereiro de 2011

Trinity é o meu nome


They call me Trinity

(Trinity é o meu nome)

Direção: EB Clucher

Roteiro: EB Clucher

Produção: Italo Zingalelli

Ano: 1970

Elenco: Terence Hill, Bud Spencer, Farley Granger…

Duração: 109 minutos

Se você pensa que Clint Eastwood é o gatilho mais rápido do oeste no cinema é porque ainda não viu Trinity.


Trinity (Terence Hill) esta sendo puxado pelo seu cavalo em uma espécie de carroça, ele está imundo. Chega a um restaurante, onde encontra dois caçadores-de-recompensa, com um prisioneiro mexicano. Trinity leva o mexicano consigo, quando eles saem do restaurante os caçadores tentam atirar em Trinity, mas esse é mais rápido matando-os de costas e sem mirar.

Chegando a uma cidade, Trinity encontra seu irmão Bambino (Bud Spencer), que virou xerife. Os dois formam uma parceria, embora Bambino não ficasse feliz em ver Trinity, para combater o Major Harriman (Farley Granger) que esta tentando tirar os religiosos fazendeiros de um campo. Trinity arruma algumas confusões, às vezes Bambino está no meio, e em alguns casos estão em desvantagem, mas sempre ganham.

Trinity convence Bambino a treinar os fazendeiros para combater o Major e seus capangas. Na batalha final os fazendeiros conseguem vencer. Depois da batalha Bambino fica enfurecido ao saber que Trinity havia dado os cavalos roubados do Major para os fazendeiros, assim ele se separa do resto do grupo. Trinity decide ir atrás de Bambino, ao saber que se casasse, teria que trabalhar. Mas Bambino não o aceita e Trinity encontra o real xerife, que estava atrás de Bambino, pois este havia o machucado e roubado sua estrela, e fala em que direção Bambino foi.

A trilha sonora do filme é boa, foi composta por Franco Micalizzi e inclusive algumas partes estão na trilha sonora do game Red Dead Revolver, antecessor espiritual de Red Dead Redemption. Algumas cenas, como as de luta de corpo a corpo, não ficaram muitos boas, mas no geral o filme conseguiu transmitir algo agradável.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 7,0.

ANÁLISE FEITA POR THIERRY VASQUES.

19 de fevereiro de 2011

Duelo na cidade fantasma

Duelo na cidade fantasma

(The Law and Jake Wade)

Direção: John Sturges

Roteiro: William Bowers

Produção: William Hawks

Elenco: Robert Taylor, Richard Widmark, Patricia Owens…

Ano: 1958

Duração: 86 minutos

Antes de revolucionar o western norte-americano com “Sete Homens e um Destino”, John Sturges se pregava aos clichês do gênero.

Análise: Uma abertura um tanto quanto clichê para o gênero, já que são apresentados na tela os nomes de toda a produção e, ao fundo, uma leve cavalgada em diferentes e desertos lugares. Além também de uma música muito característica dos westerns americanos. Dando continuidade a esta abertura, o homem que cavalgava pelos lugares desertos finalmente chega a uma cidade, a qual parecia ser totalmente desabitada; seu nome é Jake e então entra armado em uma prisão, onde salva seu “amigo”. Até o momento, percebemos os clichês do western americano, porém o filme de Sturges não se prende totalmente a eles. Possui uma história envolvente e os personagens se encaixam bem no papel que representam; suas conversas sempre soam como ironia, o que já era presente em muitos filmes de faroeste.

Os lugares de gravação são excepcionais para causar a boa fotografia de Robert Surtees (principalmente neste gênero, que necessita do recurso). Entretanto, na maioria das vezes em que os locais são utilizados, vemos caminhadas à cavalo, somente isto. Aliás, o filme perde um pouco de brilho diante das cavalgadas: o diretor Sturges ocupou muito tempo da película com imagens de Jake (Robert Taylor) e Clint (Richard Widmark) com seus cavalos, durante fugas, principalmente nos minutos iniciais, após a fuga da prisão. Quando pensamos que a caminhada acaba, o diretor transfere a imagem de um local para outro, com os atores ainda cavalgando. Graças a isso, o filme que já tem uma pequena duração (86 minutos), acaba tendo que acelerar os fatos e acontecimentos. No vídeo abaixo, você pode ver o começo “clichento” e até mesmo se cansar das cavalgadas:

Podemos, além de tudo, fazer uma breve relação com a história de Pat Garrett & Billy the Kid. Enquanto o primeiro se tornava xerife, o segundo continuava farreando por aí. O mesmo pode ser percebido com este filme, em que Jake se torna um agente da lei e Clint apenas um fanfarrão.

Já trilha sonora de Fred Steiner abre mais espaço para os clichês. Caso assista a algum outro filme norte-americano de faroeste (especialmente entre as décadas de 50), pode-se perceber que as músicas não são muito diferentes e utilizam-se dos mesmos instrumentos.

Apesar de muitos clichês, é uma boa película e ainda é capaz de atrair a atenção do espectador. Já de acordo com a direção, vemos que John Sturges peca em algumas partes, principalmente nas cansativas caminhadas à cavalo.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 7,5.

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

14 de fevereiro de 2011

A vingança de Ulzana

Ulzana’s Raid

(A Vingança de Ulzana)

Direção: Robert Aldrich

Roteiro: Alan Sharp

Produção: Carter De Haven Jr., Harold Hecht, Burt Lancaster

Ano: 1972

Elenco: Burt Lancaster, Bruce Davison, Richard Jaeckel

Duração: 105 minutos

Película que ocorre durante uma fuga brutal de uma tribo apache, onde um veterano batedor serve as ordens de um inexperiente tenente.

O filme tem um dado curioso. Conta com duas edições diferentes: uma feita por Burt Lancaster, que ajudou na produção e na atuação do filme, e outra feita por Robert Aldrich, diretor da película. A trilha sonora é razoável e encontramos algumas boas cenas de ação. Ainda se têm a tradicional rivalidade do homem branco e do índio, mais precisamente dos apaches. Ulzana (Joaquín Martínez) e mais alguns índios fogem de uma reserva indígena. Logo os militares locais são avisados. Então Mclntosh (Burt Lancaster), um batedor da cavalaria, é encarregado para achar Ulzana e nomeia Garnett DeBuin (Bruce Davison) à tenente, mas este se mostra ser inexperiente ao decorrer do filme, e junto a eles tem um sargento veterano (Richard Jaeckel), um batedor apache chamado Ke-Ni-Tay (Jorge Lucas) e ainda a cavalaria inteira.

Conforme a cavalaria vai avançando, evidências das brutalidades dos apaches são encontradas. O inexperiente tenente, curiosamente cristão e filho de pastor, fica se perguntando por que os apaches são tão violentos. Enquanto isso o sargento Mclntosh e Ke-Ni-Tay tentam explicar porque isso acontece.

Ulzana manda seu filho e outro apache levarem os cavalos para outro lugar, onde os índios montariam. Mas a cavalaria, mas precisamente Ke-Ni-Tay percebe isso. Então montam uma armadilha, assim tirando a vida dos dois guerreiros e pegando os cavalos dos apaches. Ulzana, revoltado, ataca um vilarejo e deixa uma mulher viva, que se juntará com a cavalaria.

A cavalaria se divide em duas partes, uma escoltando a mulher (comandada por Mclntosh) e a outra parte (liderada pelo tenente) continuará a missão. Mas isso não passa de uma armadilha para os apaches. Os índios acabam atacando o bando liderado por Mclntosh, o reforço demora a chegar e os apaches acabam matando quase todos os soldados. Quando Garnett DeBuin finalmente chega acaba fazendo uma besteira: ele toca a corneta alertando os apaches que fogem, porém Ke-Ni-Tay consegue achar Ulzana e mata-lo.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 6,5.

ANÁLISE FEITA POR THIERRY VASQUES.

12 de fevereiro de 2011

O mundo cinematográfico de Sam Peckinpah

O MUNDO CINEMATOGRÁFICO DE SAM PECKINPAH.

Para que possamos definir quase que completamente o mundo cinematográfico de Sam Peckinpah – importante diretor que foi esquecido e até mesmo desprezado por Hollywood – é preciso de apenas três palavras: polêmica, realismo e violência. “O poeta da violência” – como era conhecido –, Peckinpah tinha esse apelido devido ao seu estilo de filmagem, sendo como um “precursor do slow motion”, efeito utilizado em cenas que necessitavam de mais emoção, como tiroteios. E este tal apelido de Peckinpah poderia ser facilmente herdado por diretores de hoje que se inspiram nele e também adoram a arte da violência. Um fácil e preciso exemplo é Quentin Tarantino, mostrando isto em suas principais obras-primas como “Kill Bill” (2004) e “Bastardos Inglórios” (2009). Tarantino é também fã declarado de faroeste, gênero que colocou Peckinpah no auge das discussões, e que acima de tudo, ainda o coloca, apesar de que atualmente o trabalho do diretor é mais reconhecido do que antigamente.
Mesmo quando fez “Meu Ódio Será sua Herança” (1969), o qual foi o seu filme de maior destaque – inclusive concorreu ao Óscar de melhor roteiro original feito pelo próprio diretor –, a crítica não o recebeu bem, devido à intensa violência que é mostrada. Para que se tenha uma noção desta violência, apenas na última cena do filme foram gastos mais de doze dias e mais de dez mil balas de festim. Se isso aconteceu apenas na cena final, imagina em todo o filme, onde os tiroteios ocorrem a quase todo momento?! Mas por outro lado, é aí que também entra o toque do diretor: sem medo em colocar suas ideias em prática, sem medo do resultado final, porém sabendo que ali tem a magia do diretor. Outro detalhe que não foi dito ainda é que, por trás de toda esta violência, Peckinpah se inspira na Revolução Mexicana para fazer a base da película. Como nessa época as mudanças eram constantes, podemos ver isso claramente: enquanto oscowboys acabavam, os homens de terno estavam apenas nascendo. Assim como a areia dos desertos davam lugar aos asfaltos; os cavalos aos carros; e as armas... Bem, as armas comuns, de seis tiros, davam lugar às metralhadoras, às pistolas e muitas outras com mais poder de fogo!

Mais tarde, em “A morte não manda recado” (1970), percebemos um Peckinpah abalado, talvez por causa das críticas de seu trabalho anterior. Apesar do nome do filme parecer um tanto quanto horripilante, não possui nenhuma ligação com a película em si. Aliás, o diretor chegou mais perto de uma comédia romântica do que de um “faroeste propriamente dito”, com tiros para todos os lados e coisas do gênero. Até pareceu que o diretor encarou o trabalho como um humor da época de Charles Chaplin, incluindo trapalhadas e sarcasmo. Porém, após este diferente trabalho por parte de Sam Peckinpah, o diretor voltou a filmar em 1971 ao seu maior estilo “Peckinpah de dirigir”. Polêmica, realismo e violência acompanham outro de seu maior filme: “Sob o domínio do medo”. O trabalho foi por fora das telas um fracasso de crítica e público um tanto maior quanto o seu primeiro, acredite! Para penalizar Peckinpah, foi preciso que o filme fosse proibido em vídeo na Inglaterra (local das gravações) até o ano de 2002. Visto isso, em 2003 o filme estava brilhando como algo novo. A Criterion Collection, distribuidora de vídeo dos Estados Unidos, reeditou a película, deixando-a como merece: mais incrível que a original.

Após a produção de “Sob o domínio do medo”, Peckinpah realizou mais dois filmes antes de polemizar outra vez: “Dez segundos de perigo” e “Os Implacáveis” (ambos de 1972). Em “Os Implacáveis”, o diretor conta com o renomado ator Steve McQueen. O filme não passa de clichês do gênero “tiro, fuga, policial e ladrão”, que na linguagem da sétima arte pode se resumir simplesmente em... “ação”. Bem, é claro que Peckinpah não deixou de colocar suas mãos para trabalhar e deixa sobre nossos olhos as suas principais características no resultado final: câmeras lentas, além de cortes rápidos e precisos.

Já em “Pat Garrett & Billy The Kid” (1972), o diretor contou com a sempre companheira Polêmica ao seu lado. Enquanto o diretor modificava o roteiro de Rudy Wurlitzer, o cantor country Kris Kristofferson entrava para o elenco e ainda puxava a então mulher Rita Coolidge e o amigo Bob Dylan para fazer uma ponta na película. Falando em Bob Dylan, temos que aplaudi-lo, pois além de atuar muito bem, o compositor ainda preparou toda a trilha sonora, a qual também é espetacular. O clássico de Dylan “Knockin’ On Heaven’s Door” faz aparição na cena mais emocionante e cativante da película: um tremendo tiroteio entre Pat Garrett (representado por James Coburn) e um velho amigo. Mas agora você deve estar se perguntando: “E onde entra a polêmica?”. A polêmica entra exatamente na produção: os produtores pressionavam Peckinpah para que o filme fosse terminado o mais rápido possível, fazendo com que as gravações se transferissem para Durango, no México. Além disso, o filme foi mais prejudicado ainda quando o estúdio adulterou o mesmo, teve seu tempo estourado e os orçamentos cresciam cada vez mais. A tradução de tudo isso é o grande fracasso de público e crítica, acrescentando mais uma polêmica na conta de David Samuel Peckinpah.
Já no ano de 2004, um documentário sobre o diretor foi lançado (“O Oeste de Sam Peckinpah: O Legado de um Renegado de Hollywood”), mostrando como Peckinpah mudou o cinema e principalmente o “gênero americano por excelência”, como definiu o crítico francês André Bazin, fazendo referência ao famoso bang-bang. Conta com raras entrevistas de Sam e participações do cantor e ator Kris Kristofferson, além do diretor Billy Bob Thornton. Foi dirigido por Tom Thurman e venceu o prêmio de melhor documentário do Festival Bronze Wrangler, dedicado principalmente para premiar artistas diversos do mundo western, tanto do meio cinematográfico quanto do meio musical e literário.

POR BRUNO BARRENHA.

5 de fevereiro de 2011

A morte não manda recado

A morte não manda recado

(The Ballad of Cable Hogue)

Direção: Sam Peckinpah

Roteiro: John Crawford e Edmund Penney

Produção: William Faralla, Phil Feldman e Sam Peckinpah

Ano: 1970

Elenco: Jason Robards, Stella Stevens, David Warner...

Duração: 121 minutos

Um trabalho bem diferente do sempre genial Sam Peckinpah, o qual mostra uma comédia romântica baseada nos tempos do faroeste.

Análise: A repercussão do problemático e violento “Meu Ódio Será sua Herança” no mundo do cinema foi grande: discussões e má recepção do filme que mais tarde seria considerado a obra-prima de um diretor que amava a arte da violência e ainda por cima estava apenas começando no cinema, depois de trabalhos na televisão. Ou seja, Peckinpah estava sofrendo um pouco. Isso é percebido em “A Morte não manda Recado”. O nome do filme até dá a impressão de que o diretor não mudara o seu estilo e este continuaria com as filmagens violentas. Mas o nome não diz nada. Também temos a impressão de que isso continuaria no início do filme, quando um lagarto é “explodido” depois de um tiro. Contanto, a película só herda do faroeste os personagens, o tempo e as locações, pois não passa de uma comédia romântica. Nada de muitos tiroteios, só que com muita genialidade, tanto por parte da história, quanto pelo diretor e pelos atores.

Muito destaque para a atuação do sempre magnífico Jason Robards, representando um minerador de nome Cabo Hogue, o qual alimenta o sonho americano de enriquecer através de uma ideia “brilhante”, porém com muito trabalho duro. Para ajuda-lo, acaba conhecendo um pastor, Joshua Duncan Sloane (David Warner). Além de Cable Hogue e Joshua, existe a prostituta Hildy (Stella Stevens), que acaba tirando a roupa algumas vezes durante a película e ainda atua muito bem. Destaque também para a trilha sonora, de Jerry Goldsmith e Richard Gillis, com músicas muitas vezes cantadas, sem a orquestra. O próprio nome do filme em inglês já situa uma trilha sonora: The Ballad of the Cable Hogue (A Balada do Cabo Hogue). Ou seja, na música, a balada significa uma canção sobre a vida de um personagem, neste caso, de Cabo Hogue.

Percebemos claramente que Sam Peckinpah se abalou com a repercussão de sua obra-prima no mundo cinematográfico e então resolveu fazer algo mais light, dar uma canja para as pessoas que não haviam gostado de tanta violência. No entanto, o diretor continua com o sarcasmo, com a emoção de cada cena e uma filmagem bastante lírica, como no filme anterior. Ah, e eu já ia me esquecendo: demorou apenas um ano para Peckinpah voltar a ser amigo da "polêmica", com o filme "Sob o domínio do medo", outra de sua grande obra-prima.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 8,5.

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

4 de fevereiro de 2011

Os Indomáveis

3:10 to Yuma

(Os Indomáveis)

Direção: James Mangold

Roteiro: Stuart Beattie, Michael Brandt, Derek Haas

Produção: Cathy Konrad

Ano: 2007

Elenco: Russel Crowe, Christian Bale, Logan Lerman

Duração: 122 minutos

Um dos melhores faroestes atuais, o qual conta com atores experientes e com uma historia um tanto quanto diferente.

Análise: Os Indomáveis é um filme remake de 3:10 to Yuma (Galante e Sanguinário). O filme conta a história de Dan Evans (Christian Bale), um pobre fazendeiro que está tentando ganhar dinheiro para pagar suas dívidas.

O filme conta com uma trilha sonora digna, já que concorreu ao Oscar de melhor mixagem de som e melhor trilha sonora. E também é uns dos melhores filmes de faroeste atual. Mas também tem um revés, já que é um remake e não uma história original. O filme conta com atores muito conhecidos como Russel Crowe, Christian Bale, Bem Foster e Logan Lerman, dentre os quais todos desempenharam muito bem os seus papéis.

O filme começa quando o armazém de Evans é atacado por dois homens que trabalham para Glen Hollander (Lennie Loftin), a quem Evans deve dinheiro. No dia seguinte ele e seus dois filhos se deparam com Ben Wade (Russel Crowe), e sua gangue que acabavam de ter atacado os Pinkertons. Ben Wade pede os cavalos e fala para Evans procurá-los na estrada para a cidade de Bigsby, cidade onde a gangue vai.

Evans, seus filhos, e um sobrevivente do ataque chamado Byron McElroy (Peter Fonda) vão para a estrada de Bigsby. Os policias de Bigsby os encontram, após ter sido enganado por um dos membros da gangue. Então eles voltam para a cidade, exceto os filhos de Evans.

Já na cidade, Evans consegue encontrar Ben Wade e o distrai para que os policiais o peguem. Então Evans se junta com eles, para ganhar $200 e ajudar a levar Ben Wade para Yuma. Durante a viagem Ben Wade mata dois policias. Um a facada, e o outro ele joga pelo penhasco. Depois dessa ultima morte o filho de William (Logan Lerman), que os seguiu até o local, impede que Ben Wade fuja.

Evans convence o grupo a pegar um atalho, já que a gangue estava atrás deles e seria mais rápido. Só que a área era dominada por índios apaches. De noite os índios atacaram o bando, ferindo Evans. Mas Ben Wade salva o bando e foge. Portanto os policias conseguem o capturar de novo, inclusive Ben Wade os ajuda a fugir. É então que eles vão para a cidade em que colocarão Ben Wade no trem para Yuma.

Charlie Prince (Ben Foster), um dos principais membros da gangue de Ben Wade chega à cidade e percebendo que a segurança em volta do seu líder é grande oferece $200 se alguém conseguir matar um que está o protegendo. Os policiais, então, reparam que eram muitos e decidem desistir, exceto Evans que estava convicto que levaria Ben Wade para o trem.

O final do filme é bem diferente. Depois de escapar de varias pessoas Evans consegue levar Ben Wade para trem. Mas ao chegar ele é surpreendido pelo Charlie Prince e acaba morrendo. Mas não acabou ainda, Ben Wade consegue sua arma de volta e mata sua gangue. Volta para o trem e se livra de sua arma, ele assobia e o seu cavalo começa a seguir o trem. Dando a impressão que fugiria novamente da prisão (ele já havia fugido duas vezes).

MINHA NOTA PARA ESTE FILME: 8,0.

ANÁLISE FEITA POR THIERRY VASQUES.