11 de fevereiro de 2012

SESSÃO DE CURTAS: L’Ultimo Pistolero, The Rider e Little Tombstone.

L’ULTIMO PISTOLERO

Direção: Alessandro Dominici

Roteiro: Sebastiano Ruiz Mignone

Produção: Claudio Bronzo

Ano: 2002

Duração: 8 minutos

Primordial ator do western spaghetti é retratado através de uma fotografia quase inexistente no gênero: o preto-e-branco.

Análise: Talvez um dos maiores atributos de diretores do cinema italiano seja sua categoria em realizar enquadramentos fantásticos, tendo uma visão que só eles próprios conseguem ter daquilo que está preparado em cenário. Portanto, em L’Ultimo Pistolero, de Alessandro Dominici, tal fundamento é captado com exatidão por seu realizador: apesar de seus planos serem desprovidos de um propósito narrativo, são gravados de acordo com um nível estético, confortando também a dominante fotografia, do mesmo Dominici.

E, prestando homenagem ao western spaghetti, não poderiam faltar referências aos maiores filmes e personalidades do gênero, o qual foi responsável por atuar dentro de países europeus como Itália, Espanha, Alemanha, França e Portugal. Assim, o grau de detalhes – desde os olhos verdes de Nero até a fumaça de seu cigarro – relembra principalmente Sergio Leone. Já os travellings de câmera não poderiam funcionar melhor, assim como acontece em trabalhos de Sergio Corbucci (como Compañeros) ou de Enzo G. Castellari (como Keoma). Voltando a Leone, porém, os efeitos sonoros também não poderiam ser mais deslumbrantes!

Então, como uma lembrança de Sam Peckinpah e seus mais diversos faroestes crepusculares, o que mais chama a atenção mesmo em L’Ultimo Pistolero é a ilustre presença de Franco Nero e de Ennio Morricone – ambos de grande importância para o eurowestern. Na trilha de Morricone, aliás, é até possível perceber uma das faixas criadas para o primeiro faroeste italiano: Por um Punhado de Dólares (Sergio Leone, 1964).

NOTA:

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THE RIDER

Direção e Roteiro: Josh Brooks

Produção: Emily Brooks

Ano: 2011

Elenco: Jesse Johnston, Amber Goulding, Lyn Tripp, Ryan Wickland e Isaac Johnston

Duração: 7 minutos

Gravado em plataforma celular, roteiro é ocultado para que sua estética adentre em primeiro plano.

Análise: Classificado como “finalista” do festival Nokia Shorts, o curta-metragem The Rider teve seu desenvolvimento através das lentes do celular Nokia N8 e, apesar disto, apresenta uma qualidade de imagem de deixar inveja em qualquer outra câmera. Escrito e dirigido por Josh Brooks e com produção de sua esposa Emily Brooks, o casal trabalha junto para criar uma atmosfera de pura seriedade e magnificência através de um western.

Montana, 1900. Um cavaleiro solitário (Jesse Johnston) cavalga sem um rumo decidido por dentre o oeste, até encontrar uma dependência abandonada. Com certo sentimento de culpa, ele pretende liquidar sua existência ali, naquele exato momento. Entretanto, ao encontrar uma nova perspectiva de redenção, suas cinzas dão forma novamente ao Cavaleiro Solitário.

Além de ser creditado pelo roteiro e direção, Josh também assina a fotografia: as cenas internas utilizam-se de muitos elementos que acabam distorcendo a imagem, adquirindo um ar deveras artificial e forçado. Isto faz com que o interesse do filme se vire mais para a estética e não para o roteiro, sendo que este também contém falhas, como um desenvolvimento impontual, deixando brechas e perguntas a serem respondidas: “por que ele quer se matar?”, “será que seu passado foi obscuro, assim como o de muitos outros?”. Apesar de tais falhas, ainda há acertos ao tentar remeter falas clássicas, como de Era uma Vez no Oeste (Sergio Leone, 1968).

NOTA:

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LITTLE TOMBSTONE

Realizado por: Frederic Azaïs, Theo di Malta, Benjamin Leymonerie e Adrien Quillet

Ano: 2011

Duração: 5 minutos

De uma beleza gráfica e técnica incomparáveis, estereótipos do velho-oeste americano são personalizados por discípulos franceses.

Análise: Ao todo, quatro personagens dividem a mágica tela de Little Tombstone: os típicos mocinho e bandido, um suposto padre e um índio bêbado. O duelo ao meio da cidade entre “O Bom” e “O Mau” dá belos tons ao filme, impondo informações extras e acrescentando tensão para a parte final.

A qualidade gráfica rasteja em direção ao primor, fazendo com que as comparações com Rango (Gore Verbinski, 2011) não possam faltar. Além deste filme, muitos outros também ganham suas homenagens, principalmente os de Sergio Leone: Três Homens em Conflito (1966) e Era uma vez no Oeste (1968) são os mais referenciados por Little Tombstone.

A sonoridade do filme é elementar: desde uma trilha sonora bem trabalhada por Alexandre Scuri, até ruídos executados por toda e qualquer ação dos personagens em tela. Contudo, mesmo se destacando profundamente em outras áreas, é o roteiro quem ganha maior ênfase na ficha técnica: imprevisível, ele guarda uma surpresa final de deixar o queixo caído.

Em português, a tradução para “Little Tombstone” seria de “Pequena Sepultura”. Porém, me perdoem, pois eu prefiro chamar este curta-metragem de “Beirando a Perfeição”.

NOTA:

Comentários por Bruno Barrenha.

2 comentários:

  1. Esse ultimo (LITTLE TOMBSTONE) ficou sensasional mesmo, em todo os apectos...

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  2. Muito bom mesmo!
    "Little Tombstone" foi mesmo o melhor!

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