30 de janeiro de 2012

Pôster: O Dia da Ira

DAY OF ANGER

Direção: Tonino Valerii

Roteiro: Ernesto Gastaldi, Renzo Genta e Tonino Valerii

Produção: Sansone e Chrosicky

Ano: 1967

Elenco: Lee Van Cleef, Giuliano Gemma, Walter Rilla...

Duração: 95 minutos

Grande clássico do faroeste italiano apresenta um ótimo elenco e têm seu foco na relação entre um mestre e um aprendiz na arte de guerrear.

Para tirar as dúvidas a respeito do filme, leia a crítica de Thierry Vasques, clicando aqui.

28 de janeiro de 2012

Crítica: O Dia da Ira

DAY OF ANGER

(O DIA DA IRA)

Direção: Tonino Valerii

Roteiro: Ernesto Gastaldi, Renzo Genta e Tonino Valerii

Produção: Sansone e Chrosicky

Ano: 1967

Elenco: Lee Van Cleef, Giuliano Gemma, Walter Rilla...

Duração: 115 minutos

Grande clássico do faroeste italiano apresenta um ótimo elenco e têm seu foco na relação entre um mestre e um aprendiz na arte de guerrear.

Análise: O Dia da Ira é uma produção ítalo-alemã e um dos maiores westerns spaghettis da história do gênero, sendo dirigido pelo aprendiz de Sergio Leone, Tonino Valerii, e possuindo em seu interior um elenco responsável por gerar o encontro entre dois grandes atores: o já experiente Lee Van Cleef e o ainda novato Giuliano Gemma.

O filme mostra a estranha relação entre o discípulo Scott (Gemma) e o seu mentor – um experiente pistoleiro de nome Talby (Van Cleef). Scott, um jovem sem família e nascido em um bordel, é zombado pelos arredores de Clifton, uma pacata cidade sem violência onde o xerife não carrega sua arma e os moradores logo ficam surpresos ao ouvir um único estampido de tiro. Talby, o experiente pistoleiro que futuramente acabaria com a paz de Clifton, chega ao vilarejo e ganha a admiração de Scott. Sendo assim, quando ele sai da cidade para procurar Wild Jack (Al Mulock), o qual está devendo 50.000 dólares em outras bandas, Scott persegue-o pedindo ajuda para se tornar um pistoleiro e então ser respeitado em Clifton; Talby aceita o ensino e demonstra, durante a jornada, as 10 lições para ser bom em sua profissão.

Ao capturarem Wild Jack, descobrem que ele não tem mais dinheiro, pois os moradores de Clifton o traíram. Talby e Scott voltam à cidade para recuperar as gorjetas e impor ordem na cidade, mas tudo sai do controle quando Talby assassina Murph Allen Short (Walter Rilla), um grande amigo de Scott. Com tal acontecimento, a dupla principal se volta um contra o outro e travam um inevitável duelo, não sem antes Scott matar os homens de Talby aplicando as lições que aprendera com o seu professor, onde quem vence é o que tem mais técnica e é o mais rápido no gatilho.

Deveras marcante, oferecendo excelentes atuações, papéis interessantes e um elenco afiado. Giuliano Gemma, ainda em estopim de carreira, está em uma de suas melhores performances. Lee Van Cleef também está formidável encarnando, de novo, um personagem maldoso; apesar disto, primeiramente ele parece ser bom ao tentar ajudar Scott, mas com o passar do filme é mostrado que ele é realmente adverso e quer apenas usar o inocente companheiro para conseguir sua vingança.

O diretor Tonino Valerii, muito conhecido pela parceria com Sergio Leone em Meu Nome é Ninguém (1973), nos mostra uma ótima direção com agradáveis planos, principalmente nos duelos, aproveitando as paisagens e a bela trilha sonora de Riz Ortolani para fazer mais um grande clássico do bang-bang à italiana. Porém, mesmo com alguns papéis bem desenvolvidos, Valerii também deixa outros personagens de lado na trama, como a bela Crista Linder interpretando Gwen e José Calvo, que poderia aparecer mais durante o filme.

Concluindo, O Dia da Ira é propício para fãs de qualquer gênero, sendo um prato cheio para os forasteiros do western e, além de tudo, inovador ao nos mostrar um diferente e épico duelo entre Talby e Owen White, onde o desafio é armar um rifle em cima de um cavalo e matar o adversário.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:

ANÁLISE FEITA POR THIERRY VASQUES.

27 de janeiro de 2012

Pôster: Butch Cassidy

BUTCH CASSIDY & SUNDANCE KID

Direção: George Roy Hill

Roteiro: William Goldman

Produção: John Foreman

Ano: 1969

Elenco: Paul Newman, Robert Redford, Katharine Ross...

Duração: 110 minutos

Os últimos e decisivos murmúrios de três respeitáveis heróis: Butch Cassidy, Sundance Kid e o western clássico.

Para ler a crítica, escrita por Bruno Barrenha, de um dos faroestes mais fantásticos de toda a história, basta clicar aqui.

25 de janeiro de 2012

Crítica (n.100): Butch Cassidy

BUTCH CASSIDY & SUNDANCE KID

Direção: George Roy Hill

Roteiro: William Goldman

Produção: John Foreman

Ano: 1969

Elenco: Paul Newman, Robert Redford, Katharine Ross...

Duração: 110 minutos

Os últimos e decisivos murmúrios de três respeitáveis heróis: Butch Cassidy, Sundance Kid e o western clássico.

Análise: Com o lançamento de Blackthorn – Sem Destino (Mateo Gil, 2011), o mito da dupla de facínoras Butch Cassidy e Sundance Kid ficou ainda mais difícil de ser desvendado. Se alguns dizem que ambos foram mortos no tiroteio contra o Exército Boliviano na cidade de San Vicente, em 1908 (a teoria apresentada pelo diretor George Roy Hill), outros discordam e preferem apostar todas as suas fichas na surpreendente produção hispano-franco-boliviana de Mateo Gil.

A dupla realmente teria morrido no controverso tiroteio contra o Exército Boliviano? A dúvida divide opiniões até hoje...

Como se estivéssemos situados em uma obsoleta sala de cinema, o filme abre suas rústicas – porém inovadoras – portas através de quatro elementos que dividem o grande ecrã entre si: os ruídos de um antigo projetor cinematográfico, algumas imagens ainda sem conhecimento da magia do colorido, a bucólica melodia e, por fim, os créditos de todos os responsáveis por fazerem de Butch Cassidy um dos faroestes mais certeiros na longa história que cerca o gênero. Sem uma visão mais além, entretanto, toda esta introdução soaria em um aspecto normal. Assim, minha interpretação mediante o início do filme é justamente pelo fato de “projetores, projeção, música e créditos” formarem a essência do cinema! Ou seja, desde seu primeiro minuto, Butch Cassidy é uma verdadeira obra-de-arte.

A película é, antes de tudo, mais do que uma simples aventura de dois bandidos carismáticos que existiram na vida real e fizeram parte da história norte-americana. Ela também é engraçada, icônica, apaixonante, mortal...

Imediatamente na cena de abertura, Roy Hill já nos deseja revelar os quão amedrontadores e populares são Butch Cassidy (Paul Newman) e Sundance Kid (Robert Redford). A informação que quer ser passada pelo diretor entra com clareza em nossa mente, sem precisar de muito alarde: basta dizer o primeiro nome de algum dos dois facínoras, e convidar o mesmo para ficar no local por algum tempo. Se tudo correr como o esperado, ninguém sai machucado! O método da dupla não poderia ser mais fácil.

A partir de então, a parceria dentro (e fora!) das telas funciona da maneira mais perfeita possível, principalmente quando o filme culmina na antológica e imortal cena da bicicleta: sendo uma das memoráveis em todo o ciclo já percorrido pela sétima-arte, Butch carrega a professora Etta Place (Katharine Ross) e faz piruetas no meio de transporte que chama de “futuro” – referenciando-se a bicicleta – ao som da canção Raindrops Keep Falling On My Head.

Como se pôde perceber pela trama, um roteiro incontestável e vencedor de Oscar é escrito por William Goldman, proporcionando diálogos marcantes, cenas de um humor refinado, personificações únicas e um tanto quanto diferentes da realidade (o que isto importa para uma obra de ficção?) e situações que duram o tempo correto em tela. Um exemplo é a grande perseguição em busca da dupla: mesmo tomando para si praticamente todo o segundo ato, em nenhum momento ela perde sua elegância; ao contrário, nossa curiosidade em relação ao que acontecerá só aumenta.

Além desta, mais três outras estatuetas ainda foram entregues ao filme, condecorando duplamente o compositor da trilha sonora Burt Bacharach: uma por sua ilustre canção escrita em conjunto com Hal David exclusivamente para o filme e cantada por B.J. Davis (Raindrops Keep Falling On My Head) durante a famosa cena da bicicleta, e outra por sua própria condução na banda de sons.

Já o último dos prêmios foi para a fotografia, de Conrad L. Hall, o qual obteve certo destaque ao trabalhar no velho-oeste de Os Profissionais (Richard Brooks, 1966) e em projetos do diretor Sam Mendes, bem como Beleza Americana (1999) e Estrada para Perdição (2003). Aqui, em sua fase mais inspirada, consegue fumegar fascinantes paisagens desérticas nos mais diversos tons de seu olhar através da câmera: desde um denso sépia envelhecido e poético, até os coloridos que se misturam sobre a terra e as vegetações.

A direção de George Roy Hill, vencedora no BAFTA e apenas nomeada no Oscar, nunca passa dos limites e muito menos se torna pedante. Ele sabe como dirigir sua trupe de atores e se posiciona com classe em seu sexto trabalho dirigido para o cinema – o primeiro com mais reconhecimento por parte do público e da crítica especializada. Anos mais tarde, uma dobradinha do trio Roy Hill-Newman-Redford acontece ao realizar Golpe de Mestre (1973), filme vencedor de sete Óscares (um para Hill!) e responsável por consagrar definitivamente uma das mais ligeiras e certeiras sociedades do cinema.

Finalizando, com um elenco de peso eleito a dedos pelo próprio Roy Hill, as atuações rendidas pelo trio principal (Newman, Redford e Ross) se dão muito acima do normal. Apesar disto, a obra não é realizada somente por eles, sobrando ainda um pouco de espaço a ser preenchido por papéis menores: é o caso do veterano Strother Martin, interpretando Percy Garris.

Da esquerda para a direita: Paul Newman, George Roy Hill e Robert Redford.

Claramente inspirado pelo novo gênero na época – o bloodbath, ou simplesmente “banho de sangue” –, Butch Cassidy tem no calor de seu conteúdo um dos trabalhos mais completos já assistidos em todos os tempos. Mesmo não contendo o mesmo nível de violência que Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas (Arthur Penn, 1967), a realidade gráfica de ambos os projetos se aproxima quando se diz respeito a “sangue e ferimentos”, fora o fato de seus protagonistas também ganharem a vida com o crime.

E, enquanto um gênero surgia, outro adoecia em grande escala, perdendo não só seu espaço, mas também sua longa vida prestada junto ao cinema e outros meios de comunicação. O western épico e de caráter clássico não cabia mais na vitrine da sétima-arte, tendo de elevar as conservadoras narrativas do velho-oeste (Guerra Civil, índios, saloons, mocinhos, bandidos...) para um terreno de maior estabilidade, justamente como pode ser estudado em grande parte da filmografia de David Samuel Peckinpah.

Mas, de qualquer jeito, é assim que caminha a humanidade...

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:

ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA.

19 de janeiro de 2012

Crítica: Gun (video-game)

GUN

Distribuidora: Activision

Escritores: Randall Jahnson

Ano: 2005

Plataformas: Nintendo GameCube, PC, PSP, PS2, XBOX e XBOX 360

Desde muitas homenagens ao western até os mais diversos desafios, Gun aparenta excelência e rapidez no desenrolar da história.

Análise: Desenvolvido pela Activision (Call of Duty, Guitar Hero), até pouco tempo atrás Gun era o melhor e um dos mais conhecidos jogos de faroeste lançados para os consoles de sétima geração (XBOX 360) e principalmente os de sexta geração (PSP, PS2, XBOX). No entanto, seu domínio culminou com o lançamento do estrondeante Red Dead Redemption para os consoles da sétima geração e também com o esquecimento dos consoles mais antigos onde o grande rival de Gun era Red Dead Revolver.

Com um mapa de tamanho médio e um mundo abertamente para exploração, é preciso passar dezenove fases para zerar a história do personagem Colton ‘Cole’ White e, para completar o jogo em 100%, são necessárias algumas missões secundárias. Dentre tais, estão: capturar os temidos bandidos que estão sendo procurado pela justiça, sair à procura de ouro com uma picareta em mãos, vencer partidas de poker nos saloons, e até mesmo trabalhar para a histórica empresa de correios do velho-oeste, a Pony Express.

O jogador, portanto, comanda Colton White, um apache bem vestido treinado pelo pai de nome Ned – este narrado por Kris Kristofferson. Em uma viagem sofrida, Ned conta para o filho que é adotado, e infelizmente não sai vivo; seguindo por um trajeto inesperado, Colton vai para Dodge City tentar descobrir o paradeiro de seus verdadeiros pais. Ele então passa por muitos desafios até descobrir que o assassino de seus pais é Thomas Magruder. Assim, para vingar seu pai médico e sua mãe apache, Colton acerta as contas com Magruder em uma verdadeira batalha final onde tem a ajuda de seus amigos índios em uma mina.

Para uma história tão abrangente como esta, o jogo passa com ar um tanto curto, ainda mais se compararmos com as 27 fases de Red Dead Revolver e também com as 57 principais de Red Dead Redemption. Mesmo assim, Gun é um ótimo jogo lançado em 2005 – época de ouro para o PS2.

Em relação ao cinema, podemos perceber vários ingredientes de muitos westerns: a própria trama em volta de uma vingança pela perda dos pais, as pequenas cidades no meio de enormes desertos, o ouro, o inicio das ferrovias, os caçadores de recompensa, as planícies dominadas por búfalos...

Apesar de suportar um enorme arsenal de armas, Colton White apenas pode levar consigo cinco de vez: um revolver, um rifle, uma espingarda, vários explosivos e um arco. Mas, com o passar das missões, é possível ganhar e/ou comprar armas novas e melhores, porém algumas são secretas e completar um desafio ou outro para consegui-las se torna inevitável. Contudo, ao zerar o jogo se obtém um cavalo desejado por muitos, com uma impenetrável armadura e sem o pesadelo do “cansaço”. Em casos de “recuperação de saúde”, basta o simples ato de beber uma pequena dose de uísque. Outro interessante componente – já utilizado exageradamente em outros jogos de faroeste – é o da câmera lenta, o qual resulta em dar mais tiros em um curto período de tempo, assim matando os inimigos da forma mais fácil.

Diversos desafios são apreciados pelos jogadores, com as mais variadas missões das mais diferentes dificuldades, cada fase necessitando de uma estratégia distinta, até emprestando um pouco da boa espionagem de Naked Snake em Metal Gear Solid 3. É assim que se explica Gun, sempre com muitos chefões que vão desde a um urso até Thomas Maguder, apresentando um revés que, quando zerado, não há mais praticamente nada a ser feito, a não ser explorar o médio mapa que já fora aproveitado durante as missões, matar os acanhados bandidos que atacam em grupo no meio do deserto e matar alguns cidadãos, resultando em um breve tiroteio ocasionado por algumas pessoas.

Portanto, tirando as poucas falhas, Gun resulta em uma boa diversão para os exímios fãs de faroeste e pode ser considerado um ótimo jogo de ação, tanto que até ganhou o prêmio de Melhor Jogo de Ação para XBOX 360, em 2006.

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:

ANÁLISE FEITA POR THIERRY VASQUES.

9 de janeiro de 2012

Pôster: Blackthorn – Sem Destino

BLACKTHORN

Direção: Mateo Gil

Roteiro: Miguel Barros

Produção: Ibón Cormenzana e Andrés Santana

Ano: 2011

Elenco: Sam Shepard, Eduardo Noriega, Stephen Rea...

Duração: 98 minutos

Barba malfeita em conjunto com a velhice de um ultrapassado Butch Cassidy reagem positivamente para a modificação e desmitificação de sua história.

7 de janeiro de 2012

Crítica: Blackthorn – Sem Destino


BLACKTHORN
(BLACKTHORN – SEM DESTINO)

Direção: Mateo Gil

Roteiro: Miguel Barros

Produção: Ibón Cormenzana e Andrés Santana

Ano: 2011

Elenco: Sam Shepard, Eduardo Noriega, Stephen Rea...

Duração: 98 minutos

Barba malfeita em conjunto com a velhice de um ultrapassado Butch Cassidy reagem positivamente para a modificação e desmitificação de sua história.

Análise: Desde O Grande Roubo do Trem (Edwin S. Porter, 1903) – a segunda das projeções do gênero western responsável por encarar, com todas as armas possíveis, o mundo da sétima-arte – já era possível ter uma concepção de como agiam os famigerados facínoras da vida real. Até então, naquela época, as ações praticadas pelos “foras-da-lei do oeste” registravam-se somente através de lorotas e fotografias primitivas. No entanto, por conta da invenção do cinematógrafo pelos irmãos Lumière, tudo poderia ser transformado em magia mediante as telonas do cinema, até sendo possível a reprodução daquilo que era narrado por cidadãos norte-americanos sobre seus terríveis pesadelos: assaltantes de bancos e trens, ladrões de gado, caçadores-de-recompensa, índios desolados, violadores da lei, pistoleiros fictícios, etc...

Foi de tal maneira, inclusive, que se alimentou a indústria cinematográfica ao passar dos anos: as aventuras de Pat Garrett & Billy the Kid migravam do papel direto para as lentes das câmeras, assim como acontecia com os irmãos Frank e Jesse James, os amigos de idas e vindas Wyatt Earp e Doc Holliday, e no caso de Blacktorn, a dupla de foragidos Butch Cassidy & Sundance Kid.


Duvidosamente liquidado no inflamado tiroteio contra o Exército Boliviano, no distante ano de 1908, o lendário pistoleiro do velho-oeste Butch Cassidy poderia estar vivo, mesmo 19 anos após o acontecido, em 1927. Pelo menos, é assim que se manifesta a premissa de Blackthorn – segundo longa na carreira do diretor espanhol Mateo Gil, em uma produção hispano-franco-boliviana.
“Butch Cassidy foi um dos mais procurados fora-da-lei da América do Norte no início do século XX, chefiando gangues lendárias, como a Wild Bunch e a Train Robbers Syndicate. Caçado pela lei e pelas grandes companhias, ele fugiu para a América do Sul com o seu amigo Sundance Kid. Ambos foram supostamente mortos em um tiroteio com o Exército Boliviano em San Vicente, Bolívia, em 1908. Recentemente, investigadores checaram restos achados no local onde testemunhas afirmaram que eles foram enterrados. E não estavam lá!”
Durante o último suspiro da dupla, interpretada por Paul Newman e Robert Redford em Butch Cassidy & Sundance Kid (George Roy Hill, 1969), temos um plano médio congelado nos parceiros de tantos roubos: é possível que seja uma consideração do diretor para que, assim como o filme se finaliza naquele exato momento, os bandidos também estariam quitados. Já em Blackthorn, também há uma paralisação no final, porém em um plano close-up, em um passado alheio e em um momento jovial, com a cavalgada junto aos companheiros de farra; na circunstância, Mateo Gil busca ligar os tempos dourados de Butch à sua volta para o país natal, isto é, culminando em situações de satisfação. 


Ainda a respeito de sua direção, Mateo consegue traçar elementos cardeais que seguirão pra sempre em sua futura carreira no cargo de realizador: o mais vistoso dentre todos são os zooms dramáticos, utilizando-se do princípio de maneira exagerada. Aliás, outra influência para a realização do filme foi o polêmico Sam Peckinpah e toda sua filmografia, já que o assunto “fim de carreira” beira as obras do poeta da violência e também ganha seu espaço em Blackthorn.

A escritura do roteiro, por Miguel Barros, fica por absorver mais circunstâncias pessoais e deixa de lado as aventuras do personagem principal, aperfeiçoando seu lado emocional de um jeito primoroso. Assim, tudo o que você precisa saber sobre o passado e o presente de James Blackthorn/Butch Cassidy está em um roteiro de cunho indispensável: romântico, nostálgico, áspero, sarcástico, focado, emotivo. Apesar de tudo, também existem algumas falhas que podem passar despercebidas por olhos e ouvidos mais desatentos...

As visões de uma Bolívia já estudada no clássico de 1969 são captadas de forma imponente pela lente de Juan Ruiz Anchía, causando uma boa impressão no trabalho de fotografia. Inclusive, a calmaria de suas imagens culmina em um ritmo lento desenvolvido pela trama. 

Com as atuações, o cuidado teve de ser maior, visto que a história é passada em um país latino-americano e o elenco em si é de diferentes origens; portanto, os esquisitos sotaques aparecem em grande parte do filme. Além disto, as caracterizações criadas pelo americano Sam Shepard, pelo espanhol Eduardo Noriega, pelo irlandês Stephen Rea e pela peruana Magaly Solier, são de um adequado porte.

A banda sonora, de Lucio Godoy, aposta em canções letradas, deixando as tradicionais composições instrumentais de lado. Um dos cumes da película, a propósito, é quando Shepard cavalga com seu cavalo enquanto toca uma música em um instrumento de cordas um tanto quanto distinto. 

Por último, um dos maiores destaques vai para a edição: o trabalho encabeçado por David Gallart consegue manter a atenção e não perder o compasso ao retornar para o passado nas cenas de lembrança. 


Propagado em um ritmo lento, assim Blackthorn também se revela um filme sutil, criado para que captemos sua essência através de todos os elementos possíveis: diálogos, olhares, gesticulações. Adiante disto, chega a ser encharcado de muitas referências (sobretudo ao citar os mestres John Ford, Sergio Leone e Sam Peckinpah) e, portanto, é feito na medida para os amantes do western, do cinema em geral e até mesmo da história dos Estados Unidos ao desmontar a narrativa criada para os mitológicos Butch Cassidy & Sundance Kid.

Mas, acima de tudo, interessante mesmo é ver a produção de países que possuem, entre si, diferentes estilos para “fazer cinema”, cada qual com sua própria história na sétima-arte: Espanha, França e Bolívia em perfeita harmonia para originar em um resultado que não poderia ser melhor! 

MINHA NOTA PARA ESTE FILME:


ANÁLISE FEITA POR BRUNO BARRENHA. 

3 de janeiro de 2012

Something to do with... birthday!


Roma, 3 de janeiro de 1929. 

Há exatas oitenta e três primaveras atrás, o cineasta Sergio Leone nascia do ventre de sua mãe – a desconhecida atriz de filmes-mudos Edvige Valcarenghi. Filho de um pai (com nome Vincenzo) também já relacionado às telonas, não demorou muito para Leone herdar o talento de seus progenitores, e logo com 18 anos de idade já se relacionava com grandes diretores da época, bem como os italianos Luigi Comencini e Vittorio De Sica e o norte-americano Mervyn LeRoy. 

Inclusive, foi no clássico neo-realista Ladrões de Bicicleta (De Sica, 1948) onde podemos perceber  pela única vez uma atuação de Sergio Leone: para os mais distraídos, sua aparição pode até passar por despercebida ao interpretar um estudante de seminário. 


Uma prova de que Leone era mais do que um assistente para De Sica. Na fotografia, é o primeiro da esquerda e está ao lado do protagonista interpretado por Lamberto Maggiorani. 

Entretanto, não foi concedendo suas atuações nem muito menos dando assistência aos seus mestres que Sergio Leone adquiriu a fama merecida: foi criando, cultivando, reproduzindo e fazendo do jeito que mais lhe agradava. 

Em meio a homens de barba malfeita, tiros e explosões para todos os lados, paisagens e músicas de tirar o fôlego, momentos silenciosos que demonstravam tensão máxima, sacadas inteligentes e diálogos irônicos e impagáveis, ele construiu seu próprio cinema, transformando-se em uma das maiores lendas de algo conhecido como sétima-arte


“Se inclui tantos close-ups extremos em meus faroestes, em grande medida, é porque quero mostrar que os olhos são o elemento mais importante. Tudo pode ser lido nos olhos: coragem, ameaça, medo, incerteza, morte” - Sergio Leone.  


FILMOGRAFIA


Direção: Sergio Leone
Roteiro: Luciano Chitarrini, Ennio De Concini, Carlo Gualtieri, Sergio Leone, Luciano Martino, Ageo Savioli, Cesare Seccia e Duccio Tessari
Produção: Eduardo de La Fuente e Cesare Seccia 
Ano: 1961


Per un pugno di dollari | Por um punhado de dólares | 99 minutos


Direção: Sergio Leone
Roteiro: Victor Andrés Catena, Sergio Leone e Jaime Comas Gil
Produção: Arrigo Colombo e Giorgio Papi
Ano: 1964

Você já ouviu sobre o western spaghetti? Não? Preste atenção, o gênero inicia após este filme. 


Per qualche dollaro in più | Por uns dólares a mais | 132 minutos


Direção: Sergio Leone
Roteiro: Luciano Vincenzoni e Sergio Leone
Produção: Arturo González e Alberto Grimaldi
Ano: 1965

Mais uma obra-prima de Sergio Leone, que conta com todos os bons elementos para um ótimo western spaghetti.


Direção: Sergio Leone
Roteiro: Age-Scarpelli, Luciano Vincenzoni e Sergio Leone
Produção: Alberto Grimaldi
Ano: 1966

A maior obra-prima do western spaghetti vem recheada com um sabor de Sergio Leone e um elenco para satisfazer qualquer olhar crítico. 


Direção: Sergio Leone
Roteiro: Sergio Donati e Sergio Leone
Produção: Fulvio Morsella
Ano: 1968

Se alguém ainda duvida da genialidade de Sergio Leone ainda não assistiu à sua última trilogia, a qual este filme está incluído.


Direção: Sergio Leone
Roteiro: Luciano Vincenzoni, Sergio Donati e Sergio Leone
Produção: Fulvio Morsella
Ano: 1971

Apesar de ser um dos mais desconhecidos trabalhos de Sergio Leone, foi um dos melhores, onde prevaleceram as grandes explosões muito bem realizadas e o nível de humor.


Direção: Tonino Valerii e Sergio Leone
Roteiro: Ernesto Gastaldi
Produção: Fulvio Morsella e Sergio Leone
Ano: 1973

Sempre fique sabendo que Ninguém é mais rápido do que você, forasteiro!


Direção: Sergio Leone
Roteiro: Leonardo Benvenuti, Piero de Bernardi, Enrico Medioli, Franco Arcalli, Franco Ferrini e Sergio Leone
Produção: Arnon Milchan
Ano: 1984